Este mês o JAMAC abre uma nova exposição, com programação pública com participação da Coletiva de Mulheres e Rádio Poste. Por Bruno O.

Em um texto intitulado “Paredes Pintadas” publicado por Mônica Nador (Ribeirão Preto, SP, 1955) pouco antes da fundação do ateliê coletivo Jardim Miriam Arte Clube (JAMAC) na zona sul de São Paulo, a artista afirmava que sua prática tinha como partido as dimensões da beleza como indispensáveis tanto na perspectiva individual quanto para a sobrevivência do planeta. Também sustentava que seria fundamental fazer a dimensão do belo acessível ao maior número de pessoas possível. Ainda no mesmo texto, defendia “a beleza pura como atitude política, inclusive dentro do próprio circuito de arte estabelecido, uma vez que a grande maioria da produção artística ‘de ponta’ manipula informações geralmente agressivas e de forma comprometida com os preceitos desestetizantes promulgados pela arte deste século” (Nador, 2002).

Entrada do SESC Santo Amaro com adesivagem da exposição

O espaço cultural criado por Mônica Nador, o JAMAC, é localizado na periferia da cidade de São Paulo e consolidou a sua atuação a partir do objetivo central de construir processos que estimulem encontros entre arte e vida, estética e política. Desde 2004, o JAMAC tem desenvolvido práticas e oficinas continuadas de estêncil, serigrafia, yoga e cinema para o público em geral, além de diversas propostas que se situam na intersecção de arte e formação para a cidadania, diversidade, memória e direito à cidade.

Depois de 18 anos de atuação no JAMAC, Mônica Nador passou a abordar a existência de uma outra dimensão de beleza, um “rebelo”: a produção de uma beleza que está intrinsicamente conectada com a presença, participação e disputa de sentidos promovida por movimentos sociais nos chamados “espaços protegidos” da arte e da cultura. Revisitando o conceito desenvolvido em texto de 2002, Nador apontou para a existência de uma quarta dimensão da arte: além de curativa, balsâmica e didática, rebelde.

blz | Mônica Nador | acrílica sobre tela (2020)

Esta quarta dimensão da beleza parte de uma dimensão emancipatória produzida pela estrutura e pelas ações desenvolvidas pelo JAMAC desde 2004. Performando uma instituição como gesto artístico, o projeto se utiliza de vocabulários da arte para estabelecer outras práticas, construir outras sentenças e, assim, produzir outras instituições, outros vínculos e pertenças.

blz é a exposição de Mônica Nador + JAMAC que ocupa o Sesc Santo Amaro de 02 de abril a 31 julho de 2022. Constituída por materiais do acervo têxtil e audiovisual do JAMAC, duas pinturas de Mônica Nador e um programa de ações públicas (incluindo oficina de cinema com Thais Scabio, roda de coversa com a Coletiva de Mulheres e apresentação da Rádio Poste), a mostra apresenta um panorama diverso das atividades desenvolvidas no JAMAC, articulando as diferentes noções de beleza elaboradas ao longo dos anos. 

SERVIÇO
Exposição: blz | ocupação Mônica Nador + JAMAC
Quando: a partir do dia 02 de abril, sábado, até 31 de julho, domingo
Horários de funcionamento: de terça a sexta, das 11h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h
Local: Espaço das Artes (Sesc Santo Amaro)
Classificação: livre
Grátis

FICHA TÉCNICA
Curadoria Geral e Programa Público: Bruno O.
Curadoria Audiovisual: Thais Scabio
Produção: Thiago Vaz
Projeto Expográfico: Izabel Barboni, Liz Arakaki, Marina Legaspe e Renata Lovro
Cenografia: Cenotech
Montagem fina: Érick Martinelli da Silva e Luiz dos Santos Menezes
Educativo: Jjoão Paes e Tomás Souza

Imagens: Bruno O./JAMAC

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Escrito por Expresso Periférico

2 thoughts on “blz”
  1. […] Mônica Nador, sentou na roda para nos envolver na compreensão das estampas, a arte dialogando com a vida, expressando emoções, retratando o cotidiano e provocando pensamento crítico. A arte é libertadora, impulsiona o desejo de encontro com uma beleza que não é estática, é mutante. Os muros das diferenças, os abismos das desigualdades e o encanto que atinge nossas retinas, estão atravessados em cada traço e cor de uma pintura que é blz (beleza) pura. Nosso território, desde 2004, através do coletivo JAMAC – Jardim Miriam Arte Clube, formado por Mônica e reunindo expressões artísticas da região, experimenta “esses encontros entre arte e vida, estética e política, valendo-se de práticas e oficinas de estêncil, serigrafia, yoga e cinema, que situam na intersecção de arte e formação para a cidadania, diversidade, memória e direito à cidade (Bruno O.)”. […]

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