Popularmente conhecido pelo sobrenome Viana, é o fotógrafo que se transformou em comerciante. Por Aguinaldo.

Milhões de migrantes nordestinos, mineiros e de todos as partes do Brasil encontraram na periferia de São Paulo a possibilidade de “fazer a vida” e, no futuro, voltar para a terra natal em condições de retomar os vínculos, pois, quase sempre, foram expulsos do campo, fruto de condições econômicas adversas, mas, sobretudo, da extrema concentração de terras que inviabiliza o pequeno e médio agricultor.

São Paulo, por ser o estado que concentrou a industrialização a partir da década de 1950, passou a se apresentar como oportunidade de trabalho para milhões de migrantes, vindos ou não do campo com o objetivo de garantir a sobrevivência num país tão desigual. Infelizmente, a desigualdade continuou se manifestando, pois a população que veio para fazer São Paulo só encontrou amparo na periferia: quase sempre abandonada, sem equipamentos básicos para garantir uma vida digna a tantas e tantos que moviam e movem a economia dessa grande cidade, que se fez assim pela mão de obra barata, garantindo a extrema concentração de riqueza em mãos de poucos privilegiados.

O Viana é parte dessa história! Um pequeno comerciante periférico, morador no bairro de Americanópolis, que, através da venda de material de construção, faz parte da complexa teia de trabalhadores e trabalhadoras que sobrevivem na periferia e impulsionam a economia local. É o trabalhador que se adequou às mudanças tecnológicas, empurrado que foi, para reorganizar sua possibilidade de sobrevivência no momento em que sua profissão de fotógrafo perde espaço para o avanço de celulares que passam a competir com o papel filme das máquinas “Kodak”.

Quem é Viana?

Sou um nordestino (Francisco Genival Viana), mais conhecido por Viana.

Conte um pouco como foi sua chegada por aqui.

Cheguei em São Paulo em setembro de 1980, como todo nordestino, na rodoviária do Glicério. Fiquei um tempo no Tucuruvi e com 18 dias meu primo arranjou pra eu trabalhar em um clube social esportivo em Moema. Lá trabalhei por sete anos.

Como despertou a vocação por fotografias?

Quando morava no Ceará, comecei a me interessar por fotografias, apesar do meu trabalho ser em loja de confecções. No clube onde eu trabalhava em Moema, meu chefe sabia que eu era fotógrafo. Certo dia, o fotógrafo deles não pode cobrir um evento de festa junina, então fui solicitado para fotografar aquela festa junina. Topei. Gostaram do meu trabalho e fiquei como fotógrafo até 2002.

Como foi a migração de fotógrafo para dono de uma loja de materiais de construção?

Como fotógrafo comecei a fotografar outros eventos como casamentos,   aniversários. Um dos locais foi aqui junto às comunidades católicas onde o pároco era o padre Tony. Mas, com a chegada dos celulares, percebi que a procura por serviços já não era a mesma. Aí, vi a necessidade de buscar outro trabalho.

Então, no ano de 2000, meu cunhado havia montado uma loja de materiais de construção no Jardim Miriam, mas, logo em seguida, resolveu viajar pro Japão e  me fez uma proposta de venda da loja. Topei. Comprei a loja e comecei a trabalhar, mesmo  sem entender nada do ramo. Mas, como eu já havia trabalhado   no comércio em Fortaleza-Ceará, encarei  e, com a ajuda de minha esposa e filhos,  aqui estou já há quase 20 anos com materiais de construção, mais especificamente com hidráulica e metais.

Imagem: Acervo pessoal

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Escrito por Aguinaldo Pansa

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