Por que Bolsonaro insiste tanto em “receitar” a Cloroquina? Por Paulo Nakamura e Alex Gordinho

Se Bolsonaro não tem nenhuma capacidade em avaliar a eficácia da Cloroquina, como pode receitar este comprimido, se o conhecimento científico de Bolsonaro e seus apoiadores não permite a avaliação da Cloroquina como eficaz para tratamento precoce da COVID-19?

A Cloroquina foi avaliada pelos infectologistas do mundo inteiro, que dizem que essa droga é totalmente ineficaz para tal tratamento. Muito pelo contrário, em muitos casos, ela é prejudicial à saúde para quem tenha ingerido tal substância.

Quando se usa Cloroquina para o tratamento da COVID-19?

Sabemos que esse medicamento, indicado para o tratamento de malária, não é eficaz para o tratamento da COVID-19, conforme confirmam centenas de publicações de estudos de vários lugares do mundo. Mas Bolsonaro insiste veementemente no uso da Cloroquina para o “tratamento precoce” que, na verdade, não é um tratamento “precoce”, ele não possui nenhuma eficácia, muito pelo contrário, causa danos para os pacientes que estão sendo “tratados” com este medicamento.

Logo no início da pandemia Bolsonaro mandou o Exército produzir uma grande quantidade deste medicamento, mais de 3 milhões de comprimidos, que custou para os cofres públicos algumas dezenas de milhões de reais na sua produção.

Só por esta razão, Bolsonaro poderia sofrer um processo e ser criminalizado por uso indevido das verbas públicas, incentivar o uso de uma droga sem eficácia, zombando da vacina que comprovadamente é o único tratamento eficaz. Entretanto, Bolsonaro não tomou nenhuma providência para adquirir, desde agosto de 2020, as vacinas oferecidas principalmente pela Pfizer. A Pfizer ofereceu ao governo brasileiro, em vários momentos, uma totalização de aproximadamente 100 milhões de doses. Com esta quantidade de vacinas, mais aquelas que o Butantã e a Fiocruz estão produzindo, já teríamos imunizado a maioria da população brasileira.

Outra evidencia do descaso de Bolsonaro com a segurança do povo brasileiro foi o fato de ter pedido somente 10% de vacinas do equivalente à população brasileira dos 50% oferecidos pela COVAX FACILITY, ORGANIZAÇÃO DE ALIANÇAS DE MAIS DE 150 PAÍSES LIDERADA PELA OMS, criada para impulsionar a vacinação.

Imagem: Bira Dantas

Outro fato é que o Donald Trump, ex-presidente estadounidense, doou alguns milhões de tabletes de Cloroquina para Bolsonaro, presidente do Brasil , enquanto, desde o início da pandemia, mais de 450.000 morreram por falta de vacinas para a prevenção da COVID-19. Desses, muitos eram idosos aposentados. A política genocida implementadas aqui faz parte de uma estratégia mundial dos países centrais do capitalismo, que deixam abandonadas as populações de trabalhadoras e trabalhadores do mundo inteiro.

Foram distribuídos milhões de comprimidos de Cloroquina no Brasil inteiro. Muitos colaboraram na disseminação de informações enganosas: o próprio Bolsonaro, o Ministro Eduardo Pazuello, muitos médicos, secretários, funcionários e apoiadores a serviço de Bolsonaro. Enquanto isso, a quantidade de brasileiros vacinados continua muito baixa, levando o número de mortos a aproximadamente meio milhão de pessoas, deixando de luto milhares de famílias e seus amigos.


Precisamos pressionar para que a vacinação seja para todas, todos e todes.

VACINA PARA TODOS O MAIS URGENTE POSSÍVEL
CLOROQUINA NÃO!

Imagem: Marcelo Casal/Agência Brasil/Fotos Públicas

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Escrito por Expresso Periférico

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