Acreditar na solidariedade e investir na construção de uma sociedade
onde as pessoas possam viver com dignidade têm sido o grande investimento dessa
verdadeira lutadora do povo brasileiro. Por Sandra Trajano

Meu nome é Sandra A G J Trajano dos Santos. Mas todos me conhecem como Sandra Trajano. Sou professora alfabetizadora e bacharel em Direito, mas na minha concepção não são os títulos que formam o ser e sim as suas atitudes, por isso gosto de realizar ações sociais, pois nasci em uma família movida pelo sentimento de sempre ajudar ao próximo. Desde pequena vi minha mãe, a Dona Margarida, como era conhecida na comunidade, sempre fazer algo por alguém, seja lavar roupas ou dar uma verdura a quem pedia, pois tínhamos uma pequena plantação no quintal. Com o tempo minha família passou a doar comida para moradores de rua e fazer doações de cestas básicas para a comunidade através da Igreja São João Batista ou a comunidade de São Carlos, ambas localizada no bairro de Americanópolis. E o ensinamento rendeu frutos, hoje eu tento continuar o que minha mãe fazia.

A comunidade é carente de tudo não há uma praça com playground para os jovens e adultos, só há um pequeno campinho de terra batida que as crianças utilizam como espaço de diversão que é uma área particular. No entanto, com o apoio da ASSOCIAÇÃO COMUNIDADE VILA DAS PRATAS, temos uma ação na justiça para garantir que este espaço permaneça  da comunidade. Apesar de não ter espaços de diversão, as crianças buscam se divertir como podem: soltam pipas, jogam bola…. Quando eu era pequena, andávamos de carrinho de rolimã na Dino Fausto Fontana, ralando todo o dedo (kkkķ) ou escorregávamos no barranco com papelão ou folhas de bananeiras. Bons tempos! Hoje não há espaços pois está tudo construído, sem área verde ou área para diversão. Por isso, a maioria das crianças brinca na rua em meio as motos em disparada.

Neste período de pandemia, a situação está muito dolorosa para todas as famílias. A grande maioria se tornou desempregado por tudo ter sido fechado. Em consequência a isso, muitas famílias tiveram dificuldades para sobreviver, pois não tinham como se alimentar. Neste período, entrei em contato com alguns amigos que quiseram ajudar a comunidade. Para fazer a entrega, o Juca e o Daniel dos Reis reuniram as famílias mais necessitadas da comunidade e iniciamos um período de cadastro de famílias.

Neste mesmo momento, a Sabesp havia ido até a Escola Estadual Professora  Joanna Abrahão para a apresentar o projeto do novo Rio Pinheiros, que seria desenvolvido pelos alunos. A pandemia impossibilitou esta ação. No entanto, eu fui convidada, através de uma ligação, para participar do projeto representando a comunidade. Fui à primeira reunião, que aconteceu na Associação da Dona Terezinha, localizada na rua Agostinho Pereira Bacelar, bem na esquina. Nesta reunião, cada um expôs os problemas da comunidade como um todo e nos foi mostrado como eles iriam ajudar, desde que tivessem o nosso apoio para circular dentro da comunidade. Tivemos mais algumas reuniões presenciais, mas como foi proibido por questão de segurança,  os encontros foram feitos através de Web conferência, onde iniciamos um curso de liderança comunitária , com orientações sobre o objetivo do grupo.

No dia 08 de abril de 2020,  foi pedido a todos os representantes indicações de Associação ou ONGs, então  apresentei o projeto para o Daniel e o Juca, pedindo autorização para sugerir a ASSOCIAÇÃO  como beneficiária de doações pelo projeto. Os dois aceitaram me apoiar nesta a ação e, a partir daí, iniciamos uma parceria com a Sabesp, onde a comunidade Vila Das Pratas está sendo beneficiada com doações de cestas básicas, caixas d’água, hidrômetros com o valor social, além de cimentar todas as vielas retirando o esgoto das portas e canalização dos dejetos, entre outros benefícios. 

 Neste mesmo período, com o encerramento das aulas presenciais, falei com o Danilo Lima, que faz parte do grupo Periferia Sem Corona, pedindo doações de cestas básicas para a comunidade. Como sou professora e a Associação não tem sede e ele sugeriu  conversarmos com a diretora da Escola Joanna Abrahão para pedir autorização para a doação de cestas para os pais dos alunos. Como ouve concordância, toda a comunicação passou a ser com a direção da escola que convocou os professores para ajudar na doação das cestas dentro da unidade escolar. Foi lindo!

Porém, não parei por aí! Tivemos várias doação ao longo do ano, sempre buscando apoio de empresas e pessoas que se prontificaram a nos apoiar.

PRIMEIRA DOAÇÃO DO EXTRA COM O APOIO DA SABESP NA RUA DINO FAUSTO FONTANA

Doação de 600 cestas básicas  distribuídas nas dependências da E.E. PROF VICENTE RAO com a ajuda do grupo Mãos na Massa, com doações de máscaras da Vozes da Resistência, CECASUL, entre outros, para a Associação Vila das Pratas fazer a entrega.

O  apoio da Sabesp foi importante, pois, após 1 ano, ganhamos geladoteca dentro da comunidade onde as crianças podem fazer leituras individuais ou com apoio de leitores. Esta ação só foi possível porque ganhamos a ação de seladora do bairro. Além disso, tivemos um lindo garrafão para garrafas pet, que facilita muito o trabalho dos catadores de materiais recicláveis

Mas as doações são difíceis de conseguir.  Dessa forma, procurei o DEDÉ da Cufa Heliópolis para saber como fazer parte da família Cufa (Central Única das Favelas). No entanto, não foi fácil! Tive que comprovar com as fotos e vídeos  tudo que estava sendo feito. Após alguns meses, o DEDÉ me indicou para fazer parte da Cufa Pedreira. Tive que insistir muito até alcançar o meu objetivo, mas consegui! Fui a primeira Liderança Cufa, porém, como ninguém faz nada sozinho, hoje somos 5 lideranças Cufa. Graças a Deus o nosso trabalho tem ajudado a melhor as condições de vida na nossa  comunidade.

Nossas ações  não se limitam a doações!

Em parceria com a EE PROF Joanna Abrahão, reunimos a comunidade e temos agora dentro da escola o Projeto comunidade na escola, onde a comunidade pintou a quadra da escola, professores voluntários dão aulas de futebol aos sábados para crianças, fizemos mutirão de limpeza em torno da escola. Enfim, a Escola abriu as portas e a comunidade hoje está participando .

Hoje me encontro afastada das ações sociais porque quebrei a 6° vértebra da coluna cervical na altura do pescoço, mas, como Deus é pai, os meus movimentos motores estão voltando, com a ajuda da fisioterapia, mas não posso arriscar. Sendo assim, não saio de casa, só que temos  um grupo de Whatsapp em que decidimos as ações que podem ajudar a todos e um grupo no Facebook chamado Projeto Ação Social, que repassa informações sobre as ações tanto do Cufa como das demais atividades, como cursos. 

Meu estado físico atual me impede de fazer ações de campo, mas busco apoiar a todos da forma que posso, pois mesmo a distância organizei, com o apoio de todos, um passeio para o Sarau no antigo Circo Escola e logo mais iremos marcar um dia para irmos pintar o muro no Circo Existência (antigo Circo Escola).

Não posso fazer muito agora, mas não vou parar. Espero que o pouco que fiz possa ter feito a diferença na vida de muitos.

Doação de cachorro quente, pipoca e refrigerante para as crianças da comunidade .

Não posso fazer muito, o pouco que eu puder ajudar, mesmo que à distância, tentarei fazer. Porque, pra mim, doar é um ato de amor. Eu aprendi com minha mãe, que fez muito, mas nunca fez questão de expor e eu busco fazer o mesmo. Não precisa que as pessoas saibam o que eu faço,  eu só quero ajudar.

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Escrito por Expresso Periférico

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