Entrevista com a banda Fissura. A banda de rock mais antiga da Cidade Ademar. Uma homenagem ao mês do rock. Por Vander Bourbon

Aproveitando a gravação da  live em homenagem ao Dia do Rock (13/07) para a Casa de Cultura Cidade Ademar, o portal Expresso Periférico adentra em raízes muito firmes e profundas, onde surgem suculentas harmonias e deliciosas composições, dessa preciosa árvore chamada Fissura.

A banda Fissura continua atravessando o tempo. São mais de 3 décadas de amor e dedicação ao Rock n’ Roll, trazendo uma atmosfera dançante, através de letras bem humoradas e reflexivas, remetendo aos primórdios do estilo, com nosso tempero tupiniquim. 

Nessa conversa, conheceremos um pouco mais dessa fertilidade de ideias e ideais, às quais mantém essas raízes fortes. São histórias que caberiam num livro. Por agora, ficamos com essa singela entrevista, sobre uma das maiores bandas de rock surgidas em nossa região.

EP: Como surgiu a banda Fissura?

Lambert: A banda Fissura surgiu comigo e o Luiz Zanco, por volta de 1984/85. Eu estudava no Oswaldo Aranha e  estava ingressando na PUC, nesse meio tempo. Eu e o Luiz já éramos amigos, ele tocava no Aurora Boreal (Luiz, Carlinhos, Osvaldo e Gregório) e decidimos levar o projeto adiante, com algumas composições que tínhamos juntos.

Luiz: Parte dessa turma do Aurora Boreal foi tocar com o Duda Moleque de Rua, onde excursionaram pela Europa com o artista.

Lambert: A banda ficou em atividade até meados dos anos 90. Houve uma parada, pois fui morar em Ilhéus, na Bahia, regressando a São Paulo em 2008. Numa conversa com o Luiz, decidimos resgatar a banda e, entre idas e vindas, estamos até hoje em atividade.

EP: Então a amizade de vocês vem antes de decidirem formar uma banda juntos?

Luiz: Sim, nossa amizade vem da amizade de nossos pais. Nos conhecemos por volta de 74, as mãe de ambos contribuíram com nossa criação.

Obs: Nesse momento, Luiz, emocionado homenageia sua mãe, que faleceu uma semana antes dessa gravação/entrevista.

EP: De onde vocês buscam inspirações para compor?

Luiz: Nossas influências vem das guitarras de Mick Taylor, George Harrison, Chuck Berry, Tom Waits, Beatles, Stones, o blues…enfim, somos influenciados pelo rock primitivo.

Lambert: Quanto à voz, gosto daquela coisa interpretativa, tipo Lou Reed e Erasmo Carlos. São vozes que carregam uma carga emocional e me agradam muito.

EP: O que vocês tem de material gravado?

Luiz: Temos alguns registros de época com o Bororó (grande instrumentista de nossa região, que chegou a fazer parte do movimento da Pompéia com Rita Lee e o Mutantes, Made in Brazil e etc.).

Em 2013, com a entrada do Leo Di Biazi (Código 13), registramos um álbum, onde conseguimos um novo gás para a banda, junto com o inigualável e jazzístico baixista Carlinhos Alves.

EP: Façam um panorama geral sobre a longevidade da banda?

Lambert: O movimento do rock da Cidade Ademar vem do berço do Aurora Boreal, eles são as matrizes de nossa região.

Luiz: Vale lembrar do Ricardo Fernandes, um dos fundadores do Aurora Boreal. Era um cara visionário e o admirávamos muito. Isso estou falando de 1979.

O Charle Gavin (Titãs) vinha em casa ver a gente tocar, dei as primeiras dicas de bateria para ele. O Mauricio do Ultraje a Rigor sempre esteve com a gente também. Chegamos a tocar com o Ultraje a Rigor e Ratos de Porão na clássica casa de shows Napalm, hoje extinta.

EP: Vocês são bons músicos, com letras criativas e perseverantes. O que faltou para pegarem esse “gancho” e conseguirem uma projeção maior, se destacando no cenário nacional?

Luiz: Talvez a questão de discernir melhor as oportunidades, pois a gente estava na “crista da onda”, junto com a galera.

Carlinhos: É a questão de oportunidade perdida mesmo. Talvez um dia em que você não esteve em determinado local e hora. Tudo passa rápido, é muito dinâmico, pois sempre tem novas bandas surgindo.

EP: E, mesmo assim, vocês continuam intensos e perseverantes. A que atribuem isso?

Lambert: É uma questão ideológica, não politica: não de barganhar pela música e sim de gostar e contribuir com essa arte no universo. Resumindo, é uma questão de amor.

EP: Essa é a primeira live da banda. A tecnologia da informação e redes sociais ainda é um tabu para vocês. Como se adequar a essa realidade para divulgar o trabalho?

Luiz: É difícil, ainda somos muito “das cavernas” (risos geral). A gente é do tempo que se gravava tudo em fitas cassete, as fotos eram mal tiradas, era tudo muito na raça.

Quando surgiu a oportunidade de fazer essa live, foi muito emocionante, nos motivou perseverar e adequar a realidade do nosso tempo.

Lambert: Inclusive, gostaríamos de agradecer a todos que fizeram essa apresentação acontecer. A você, Vander, por nos fazer enxergar novas perspectivas, ao Expresso Periférico,  Dedê,  Lindsay, ao pessoal do Fórum e Casa de Cultura Cidade Ademar,  professor Betinho, Eduardo Osmédio e todas as pessoas que acreditam e fortalecem nosso trabalho.

EP: Em nome do Expresso Periférico, só temos a agradecer e exaltar a arte, pois um dos pilares do Fórum de Cultura, junto a Casa de Cultura Cidade Ademar, é valorizar e dar visibilidade aos artistas de nossa região e, para isso, não medimos esforços. 

Fica registrado nosso agradecimento e esperamos por muito mais aventuranças dessa banda que é uma referência marcante, atravessando décadas de sons e boas histórias.

Todos: Valeu, abraços!

Imagem: Vander Bourbon

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Escrito por Vander Bourbon

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