O calendário capitalista de consumo está cheio de datas comemorativas

O calendário capitalista de consumo está cheio de datas comemorativas. Temos o dia das mães, das crianças, dos namorados, entre tantos outros. Para os pais não reclamarem nos dedicaram o mês de agosto, mês do cachorro louco.

Todos os meses celebramos aniversários de parentes e amigos. Presentear as pessoas que amamos tornou-se uma obrigação. As vendas no comércio aumentam nas datas criadas pelo sistema capitalista.

O dilema que temos é: o que comprar para crianças ou pessoas adultas que aniversariam e têm tudo? Não levar nada nos parece deselegante.

Gastamos parte do tempo de nossa vida dentro das lojas e shoppings. Compramos presentes que criarão mofo, mesmo depois de recebidos com entusiasmo. São tantos os brinquedos que temos, os tênis que não usamos, os enfeites empoeirados em casa!

O redemoinho do consumismo nos captura com sua força centrípeta. Consome o breve tempo de nossa existência.

Nos transformamos em escravos de tantas coisas supérfluas que compramos ou recebemos de presente! Passamos horas, meses, anos dentro das fábricas, ou do local de trabalho, para conseguir dinheiro que nos permita usufruir as comodidades da vida moderna.

Colocam em nossas cabeças que, para sermos felizes, necessitamos cada dia novos produtos: celular, televisão, carro último modelo. Nunca somos felizes porque achamos que a felicidade está naquilo que nos falta, nunca no que temos.

Quanto mais nos rodeamos de produtos comprados, mais escravos nos tornamos daquilo que pensamos possuir. O que acreditamos ser nosso, nos possui a partir do momento que nos sentimos seus donos.

Esse tempo dedicado às compras corroeu o passado, que já não nos pertence. Ocupa o presente que velozmente se torna passado. Devora o futuro, que sonha em ser presente e não consegue evitar, tão logo chega, ser passado. Acaba com nossa liberdade.

Mesmo tendo consciência desta situação, não conseguimos nos desgrudar deste abraço assassino. O fascínio do luxo moderno nos hipnotiza como mirada de serpente. Seu abraço, no inicio macio, se transforma em estranguladores anéis.

O tempo, que no inicio parecia eterno, evapora. Desliza como areia entre nossos dedos à medida queremos aprisioná-lo. Suas marcas ficaram gravadas em nosso corpo. Elas são o testemunho evidente de que vivemos e o tempo passou por nós.

Temos a oportunidade de presentear os seres queridos com o parabéns da felicidade, que encontramos no presente do amor, do estar juntos. Se nos limitamos a presentear com mercadorias, podemos, no dia da festa, levar presentes e ser ausentes pelo pouco tempo que acompanhamos os seres queridos. Perdemos uma das mais belas vivências da vida que é a troca de afetos e carinhos.

Imagem: Google Images

Compartilhe:

Escrito por Vicente Ruiz

Deixe um comentário