Por Eduardo Pacheco

A maioria dos analistas políticos deixaram de observar com mais cuidado as recentes notícias sobre o PSDB. Duas delas são bem significativas e emblemáticas: a primeira se reporta à perda de um privilegiado gabinete no congresso nacional de liderança, pois, para ter direito a esse espaço, se faz necessária a manutenção de, no mínimo, três senadores e o partido, hoje, conta com apenas 1 senador; já a segunda fica no território paulista, onde o partido perdeu todos os oito vereadores eleitos em 2020.

Estamos falando de um partido que teve presença na política nacional desde o fim do regime militar, com ativa participação de seus expoentes no processo de “Diretas Já”; como Franco Montoro, Teotônio Vilela entre outros, e na eleição e reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998. Cabe lembrar aqui que todas as políticas adotadas nesses dois governos nada tiveram com o pensamento social-democrata, mas com uma política neoliberal mais agressiva que assistimos.

Emblemático, pois deixa evidente que o desejado espaço de “caminho do meio” entre a extrema-direita e partidos populares não se apresenta mais viável. Reflete de forma direta o processo de luta de classes que se estabeleceu na sociedade e, por consequência, representação partidária nacional. Ao menos naquela época PT e PDSB faziam um debate sobre concepção política e papel do Estado.

A fragmentação partidária que assistimos hoje, são 29 siglas registradas no TSE e mais 20 em formação, não acrescenta em quase nada ao debate sobre concepção política e papel do Estado. Muitas delas se valem somente de espaço nos meios de comunicação em épocas de eleição ou como legendas de aluguel. Outras trazem um caráter nítido de estar a serviço de grupos neopentecostais e mesmo de interesses corporativos. É comum ouvirmos falar de bancada da evangélica, bancada da bala, bancada do ruralismo etc. Infelizmente uma pequena parte traz concepções e projetos socialistas claros e objetivos, mesmo que se apresentem divididas em alguns momentos da vida política nacional, afinal, isso é democracia.

Hoje ouvimos falar aqui, e no mundo também, sobre a questão da polarização: afinal, de que se trata isso? Podemos entender essa palavra no meio político como a extrema divergência de pensamentos políticos em termos ideológicos. Quem é a favor ou contra um regime democrático? Quem é a favor da concentração de renda nas mãos de uma minoria ou a favor de um processo de distribuição justa da renda nacional? Quem defende a concentração de terras nas mãos de poucos ou uma divisão justa da terra?

Estes são alguns exemplos do processo de polarização que vivemos hoje e que são elementos de discussão necessários para a sobrevivência do planeta e da própria humanidade. 

Em resumo, apesar dos problemas, não podemos jogar a bacia com a criança dentro, o respeito às opiniões deve prevalecer. Mas precisamos discutir uma reforma na democracia, onde a população possa ter uma voz mais ativa e direta no pensamento nacional. Uma democracia que não seja baseada somente em eleições regulares a cada dois anos, é preciso uma participação mais direta: Plebiscitos, Audiências Públicas, Orçamento Participativo, Conferências Temáticas e Comissões Participativas ao nível local são alguns exemplos para envolver, ouvir e empoderar a população na ação das políticas.

Não podemos cair na armadilha da direita que repete o mantra de que nada presta e que são todos iguais: isso somente justifica um regime de exceção, ou seja, um regime autoritário de pensamento único. É exatamente o contrário; é dentro da Política que devemos aperfeiçoar o regime democrático.

Imagem: Pixabay

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Escrito por Expresso Periférico

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