Como uma obra que deveria reduzir as enchentes tem se tornado um grande problema de saúde pública.

A construção de piscinões atende à lógica de reduzir o impacto das enchentes causadas pelo intenso processo de urbanização que acontece nos grandes centros urbanos. Quase sempre sem nenhum planejamento, as cidades brasileiras e, particularmente, São Paulo, é profundamente impactada com uma lógica de ocupação que atende aos interesses imobiliários e a população trabalhadora se vê  obrigada a ocupar os espaços que não interessam ao mercado, principalmente áreas  de encosta e as várzeas de rios e córregos, como aconteceu aqui em nossa região nos córregos do Cordeiro e do Zavuvus. Esse processo de ocupação e o avanço da impermeabilização do solo, produzem permanentes inundações, na medida que o poder público é conivente com os interesses imobiliários e não possui política habitacional robusta para evitar a ocupação das várzeas de córregos e rios. 

Em nossa região, para dar conta das constantes enchentes ao longo do córrego do Cordeiro, não foi diferente: para reduzir o impacto das inundações, na gestão da  prefeita Marta Suplicy, foram projetados 3 piscinões ao longo do córrego do Cordeiro.  Segundo o senhor João, morador da Vila Santa Margarida, o primeiro piscinão, construído na altura do número 4000 da avenida Cupecê, no entroncamento das ruas Rolando Curtis com Álvaro Fagundes, foi projetado em duas metades: uma parte no espaço do antigo “esqueleto” de prédios habitacionais abandonados que estavam sendo construídos pelo grupo Sérgio e a outra parte do lado oposto, entre a Rua Álvares Fagundes e a Av Cupecê. Infelizmente, ainda segundo o Sr. João, morador há 52 anos na região e há  pelo menos 20 anos acompanhando a luta por saúde e pela canalização do córrego do Cordeiro, a prefeitura alegou falta de verba  e só construiu o piscinão do “esqueleto”. E mais:  não projetou esse piscinão com os pilares para receber a laje de cobertura como os demais piscinões: o da antiga feira livre de Cidade Ademar e o da Casa Palma, áreas mais centrais onde, inclusive, foram realizados projetos urbanísticos de lazer… 

Portanto, o piscinão número 1 ficou a céu aberto e as propostas efetuadas pela comunidade lideradas pelo Sr João como, por exemplo, a construção de Quadra Poliesportiva e um Centro Cultural, foram, literalmente, desprezadas. 

O que temos hoje é um poço fétido gigantesco a céu aberto, com manutenção que deixa a desejar pois concentra esgoto e chorume, causando mal cheiro permanente, grande quantidade de insetos, proliferação de ratos, escorpiões que invadem as moradias que ficam no entorno do piscinão e, consequentemente, trazendo sérios riscos à saúde da população. 

A praça que foi construída no entorno está abandonada e as árvores frutíferas, num total de 75, que foram plantadas como compensação ambiental, estão sendo estranguladas por cipós. Segue, portanto, o abandono e o absoluto descaso com a zeladoria numa área que é historicamente esquecida e pouco cuidada da região de Cidade Ademar, que padece por falta de investimento por parte do poder público.   

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Escrito por Mauro Castro

One thought on “Piscinão número 1: a lógica do abandono”

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