Inclusão, participação, economia, saúde e solidariedade. Princípios cultivados num projeto  onde o ser humano é peça central. Por Alda Santos

O Jardim Miriam é um bairro da zona sul de São Paulo que representa bem as contradições decorrentes da acelerada urbanização que aconteceu de maneira absolutamente desordenada no Brasil. É parte da periferia paulistana que espelha bem os objetivos da especulação imobiliária e o descompromisso do poder público que, historicamente, planejou as cidades para os setores médios da população. O bairro tornou-se dormitório, concentrando uma imensa população de trabalhadores e trabalhadoras que se deslocavam para trabalhar nas regiões de concentração industrial da cidade ou na construção civil.

O loteamento teve início em 1954. Diferentemente de muitos bairros, o Jardim Miriam foi contemplado com uma proposta de arruamento planejado e áreas disponibilizadas para equipamentos públicos. Infelizmente, a existência de espaços não avançou para implantação de unidades de saúde, escolas, praças etc. Famílias vindas do nordeste de Minas Gerais iniciaram as construções de modo colaborativo, em forma de mutirão. Por outro lado, o poder público foi extremamente omisso com uma crescente população que foi privada de equipamentos básicos e, até o presente momento, as carências são muitas.

Percebendo esta situação, alguns religiosos desenvolveram ações de cidadania e luta por direitos, tendo em vista que a Paróquia Nossa Senhora Aparecida era um dos poucos espaços que acolhia e buscava alternativas para organizar uma população tão sofrida.

Saúde pelas mãos do Padre José Dillon

Há 35 anos, o Padre José Dillon, um religioso além do seu tempo e preocupado com uma intervenção que supera e os limites da batina, se mostrou atento a respeito da situação das mulheres do bairro que trabalhavam como empregadas domésticas, que sempre foram muitas! Para reduzir a dependência do trabalho nas “casas de família“, ele trouxe para a Paróquia cursos de Corte e Costura e Manicure com o objetivo de possibilitar um “plano B” a essas mulheres. Sua preocupação ia para além de garantir recursos financeiros para as famílias. Preocupado com a saúde e o bem-estar dos fiéis, trouxe a alimentação vegana, com a proposta de reduzir o consumo da carne vermelha, do leite e açúcar, introduzindo novas práticas alimentares.

Sendo uma pessoa ativa, com determinação e ousadia, agregou a ginástica na Praça do Jardim Miriam, espaço quase sempre ocioso. Apresentou à população o tratamento com Fitoterápicos (Ervas) e Florais de Bach.

O atendimento com as Terapias Integrativas caminham lado a lado com o tratamento médico, revelando-se complementar. A ação de saúde alternativa tem sido, ao longo dos últimos 35 anos, uma referência de boas práticas, fortalecendo o trabalho social na Paróquia Nossa Senhora Aparecida sempre com um olhar atento para dar suporte à comunidade e contribuindo para a saúde física e mental da população do bairro.

O trabalho acontece às terças-feiras das 9h às 11h30 e no terceiro sábado do mês. Alda Santos é a responsável por coordenar a equipe de voluntários e garantir que o trabalho continue com o legado do padre José Dillon e tantos outros e outras. Atualmente temos formação de curso floral com apoio da AATMA e a HEALING.

Gratidão a todos que vieram antes e os que dão seguimento nesse lindo gesto de amor.

Imagem: Acervo da autora

Compartilhe:

Escrito por Expresso Periférico

Deixe um comentário