Querido (a) leitor (a), na atualidade não se bota fé em um contrato que não seja passado por cartório. Por Antonio Cordeiro de Souza Junior

Querido (a) leitor (a), na atualidade, não se bota fé em um contrato que não seja passado por cartório para reconhecimento público, o conhecido “reconhecer firma” das partes para que se tenha validade o contrato. E mesmo assim ainda se corre o risco de sofrer fraude e não cumprimento do mesmo. Antigamente era conhecido o tal “contrato de fio de bigode”, ou seja, a palavra dita deveria ser honrada. Portanto, como definem alguns comentaristas, “o fio de bigode” já precedeu todas as formas atuais de carimbos ou marcas d’água que temos em documentos. 

O que se escuta muito dizer hoje é que estamos passando no país por uma crise financeira. Mas especialistas da área atestam que não existe nenhuma crise de natureza financeira. A crise não é financeira, mas, pelo contrário, é uma crise ética. Não é de fato uma crise de crédito ($) e sim de credibilidade. Credibilidade nas instituições, credibilidade nas ações de competitividade, credibilidade na responsabilidade. Essa crise resulta em grande medida na irresponsabilidade social. Resumindo, falta de compromisso ético, corrupção, e ainda podemos denominar que aqui entra até mesmo o tal “jeitinho brasileiro”. 

A palavra ÉTICA, vocábulo latino, invoca o sentido de uma conduta humana, um comportamento, um modo de agir que vem pautado em valores morais. A ética pode ser construída em um indivíduo a partir de sua própria estrutura interna e ainda a partir de valores herdados da família do indivíduo. Alguns atos que fazemos ou que deixamos de fazer no dia a dia podem estar confundidos com ações éticas, como por exemplo: dar lugar a um idoso no transporte público, não estacionar em lugar proibido ou até pintar uma fachada de alguma escola. Seriam essas atitudes comportamentos significativos para definir atitudes éticas? Ética é um instrumento social orientador do comportamento humano, para determinar o que se deve fazer para conseguir a “vida em abundância”, o bem-estar comum na vida de sociedade. Não pode ser um pensamento individualista.  

Podemos ainda colocar algumas ações éticas como se fossem atitudes religiosas, ou obras de caridade. Temos que tomar muito cuidado com isso, pois fazer o bem não necessariamente é uma ação religiosa, pois, se preciso de uma religião para ter ações do bem, isso significa que não estou sendo uma pessoa do bem pelo simples fato de ser bom. E vice e versa, uma religião que não me mobilize para uma prática do bem não é uma boa religião. Uma coisa não está atrelada à outra, mas podem se completar. 

Portanto, vamos refletir mais um pouco! Ouve-se muito hoje falar em Responsabilidade Social e esta é uma coisa extremamente séria, é de fato a atitude de assumir um compromisso, uma responsabilidade pública visando o bem comum. Muitos hoje aspiram por assumir responsabilidades públicas, muitos se comprometem em administrar o bem comum, especialmente através de cargos políticos. Prova disso são as campanhas políticas eleitorais que já batem às nossas portas.

Peter Ferdinand Drucker foi um escritor, professor e consultor administrativo de origem austríaca, considerado como o pai da administração moderna, sendo o mais reconhecido dos pensadores do fenômeno – Fenomenologia (do grego phainesthai – aquilo que se apresenta ou que se mostra – e logos – explicação, estudo). Afirma a respeito de Ciências Sociais como sendo uma “responsabilidade daquele que é chamado a responder pelos seus atos face à sociedade ou à opinião pública”. Diz também que: Sucesso e Responsabilidade Social andam juntos.

Nesse cenário em que vivemos, com tantas improbidades públicas, parece ser difícil às empresas (públicas e privadas), pelo menos a longo prazo, conseguirem manter negócios onde quaisquer tipos de ações imorais estão presentes, sendo, pelo contrário, imperativas a existência e implementação de uma ética universal para as suas relações. E o poder tem a ver e muito com responsabilidade social, pois sua finalidade é servir. 

Fica evidente a necessidade de observarmos os atuais anseios da sociedade por uma atuação ética. E para uma atuação ética, faz-se necessário uma conscientização de todos sobre a importância da ética na atualidade. Como já dizia Caravantes (2002:71), “[…] a economia de mercado e o sistema econômico em que vivemos como que alijaram valores fundamentais ao convívio social: o bom cedeu  lugar ao útil; o correto, ao funcional; o futuro, ao imediatismo. Nesse contexto, há uma verdadeira inversão de valorativa […]”. 

Pode-se dizer que a administração pública contemporânea como um todo só cumprirá sua verdadeira missão quando ressurgir mais humanizada, voltada às suas funções, não só para o interesse econômico, mas também buscando atender, principalmente, aos interesses sociais e éticos.

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Escrito por Expresso Periférico

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