A tragédia humanitária dos Yanomamis e a política de extermínio

A situação grave do povo Yanomami é tema presente nos grandes veículos de comunicação desde o começo do mês, e com ela, uma palavra sempre associada ao governo Bolsonaro reaparece: genocídio. Enquanto o ex-presidente gastava mais de 70 milhões no cartão corporativo, uma tragédia humanitária se orquestrava com o garimpo ilegal. Já há indícios de que o então governo tinha ciência do caso, mas nada foi feito.

Em agosto de 2022 a Intercept Brasil publicou uma reportagem a respeito de 21 pedidos formais de ajuda do povo Yanomami. Todos sem resposta efetiva. No sábado, 11 de fevereiro, Bolsonaro contra-argumenta os ataques à sua gestão dizendo que “a intenção não é defender a esses (Yanomamis)”, mas, sim, explorar os recursos naturais da região. Isso é uma afirmação literal a respeito da abertura violenta do estado para ações capitalistas sobre a população brasileira.

Segundo Abdias do Nascimento, o genocídio é “ a recusa do direito de existência a grupos humanos inteiros, pela exterminação de seus indivíduos, desintegração de suas instituições políticas, sociais, culturais, linguísticas e de seus sentimentos nacionais e religiosos”. O processo de extermínio desse povo não é um caso isolado e sequer se limita aos povos indígenas. A política do deixar morrer para que avance o capitalismo é algo arquitetado, fundamentado na ideologia nazifascista; o que faz de nós, moradores de periferia, majoritariamente negros e pobres, alvo desses assassinos.

No documentário “Racionais Mcs: Das Ruas de São Paulo pro Mundo”, o rapper Mano Brown afirma que o negro brasileiro foi “esvaziado”. Esse termo foi utilizado para se referir a ausência de perspectiva, ódio, alegria ou qualquer sentimento que movimente esse grupo. Essa ausência já é sintoma do processo de genocídio sobre as periferias de São Paulo há décadas. Não é correto afirmar que a tragédia humanitária denunciada ao longo do mês de fevereiro é um fato muito específico envolvendo um grupo isolado. O capitalismo precisa da exploração para se manter, ele precisa transformar coisas e pessoas em mercadoria para continuar existindo e mantendo alguns poucos bilionários mais ricos. O Expresso Periférico presta solidariedade ao povo Yanomami e convida você a refletir sobre isso.

Imagem: Victor Moriyama/ISA

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Escrito por Gabriel Messias

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