A gripezinha de Bolsonaro já matou quinhentos mil. Por Juarez José Teixeira e Vicente Garcia Ruiz

Falei com Pedro, um dos meus vizinhos, bolsominion, uma semana antes de ele ser internado. Estava malhando na garagem, pulando e suando muito. Ele praticava judô na academia. Aos 50 anos jorrava saúde por todo o corpo.

Eu descia da farmácia equipado com a máscara KN-95. Nos cumprimentamos e conversamos sobre qualquer assunto, mantendo a distância.

Depois de uma semana foi internado com Covid. Parece que foi contaminado no dia em que, praticando a solidariedade, levou João, outro vizinho com Covid, que nunca usou máscara, para o hospital.

Passou um mês internado; 26 dias intubado. Morreu com o pulmão tomado pelo vírus. Foi a gripezinha de Bolsonaro, que já matou mais de quinhentos mil.

Os vizinhos, impotentes, manifestaram seus sentimentos à família do falecido Pedro, pelo WhatsApp:

“Cumpriu sua missão. Deus o chamou e o levou para o céu.”

“Que Deus ilumine o caminho dele e que encontre a luz da eternidade. Que Deus o receba em seu Reino de paz.”

“Que Deus conforte a família, os proteja e lhes dê força.”

Até a esposa do  João pediu perdão à esposa do Pedro por ele ter sido contaminado  na carona para o hospital.

Estes desejos são sinceros, mas pouco resolvem por não descobrir as pessoas e as causas que provocaram a morte de Pedro.

Só descobrindo poderemos evitar outras mortes.

Até algum morador petista chorou a morte do vizinho bolsominion, porque era um ser humano, em primeiro lugar, e com raiva ao ver o bolsominion enganado e morto por aquele em que ele mesmo votou para presidente.

Mesmo o perdão concedido pela esposa de Pedro não deve eliminar o remorso do João. Não ter usado a máscara levou-o ao hospital e contribuiu para a  morte de nosso vizinho.  

Mas o homicida é outro: que passeia por todo o país incentivando aglomerações, sem os cuidados, que os médicos e cientistas nos aconselham; que zomba da dor dos familiares e dos vizinhos que perdem seus seres queridos; que não comprou vacinas quando foram oferecidas, atrasando a imunização de todas as pessoas;  que aposta na ineficiente e perigosa cloroquina; que quer matar principalmente os pobres para consertar a economia do país e a previdência social.

Cada dia morrem de dois a três mil pessoas e muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas, se estivéssemos todos vacinados.

Que as lágrimas provocadas por tanto sofrimento, transformadas em luta, afoguem os torturadores e assassinos.

A RUA DE CASA ESTÁ DESERTA E VESTIU-SE COM O LUTO DO SILÊNCIO.
EMPREGO  E VACINA PARA TODOS, JÁ!
COMIDA, CASA, SAÚDE, EDUCAÇÃO!
SEGURANÇA  PARA TODOS!

Imagem: Duke Chargista/Instagram

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