Josi Odile Antonio, moradora da periferia de São Paulo, no bairro do Jardim Apurá, tinha apenas oito meses quando aqui veio morar. Filha de família trabalhadora, que lhe deu boa educação, estudar e pensar numa futura profissão, independente da escolha, fazer o melhor, com carinho e dedicação. Assim o fez, seguindo sua caminhada, soube enfrentar os desafios que surgiram pela estrada.

Cheia de esperanças, numa escola foi estudar, conhecer novas amizades e nos intervalos se soltar. Uma vida nova se iniciava e coisas que nem podia imaginar.

Com os vizinhos já sofria exclusão e com algumas crianças não podia brincar. Isto foi reforçado no espaço escolar, por ser a única menina negra da classe, começaram a rejeitar. O racismo praticado por aqueles e aquelas que deveriam educar.

Odile fala das ruas que eram sem pavimentação, lembrando-se de que antes tinha mais pessoas atuando em prol da coletividade. “Tivemos várias conquistas, mas atualmente as pessoas estão mais egoístas e voltadas para a individualidade.” Lembrou de algumas pessoas como seu Santos, dona Judite, a Julia, Lourdes Goes e outras pessoas que contribuíram para uma vida de melhor qualidade. Nesta luta, sua mãe, dona Maria de Lourdes, deixou uma associação e um grande legado, o qual ela ressalta que está dando continuidade.

A lutadora quebrou barreiras impostas para pobres não estudar. Enfrentou mentalidades discriminatórias, mas não deixou se intimidar. Graduou-se em Física e várias outras especialidades. Professora comprometida, doa seu tempo e saberes para comunidade: saúde, cestas básicas, alfabetização, ginástica e capoeira preservando a ancestralidade.

Atuando contras as carências com gestos de solidariedade.

É notável a ausência do poder público que deixa o povo abandonado.

Com várias atividades em andamento, tem os momentos para conversar, despertando as pessoas para não se acomodar. O auxílio é só uma ajuda, mas precisa ir em frente e lutar. Orientando a juventude e incentivando as/os a estudar. Conta com ajuda de amigos, que estão a colaborar: a Ketlem na fisioterapia e Douglas na nutrição esportiva alimentar.

A professora demonstra satisfação do trabalho árduo, mas que dá prazer. Faz também a proteção dos animais, pois estes não tem como se defender. Diz que o que faz ainda é pouco, mas por enquanto é o que dá pra se fazer. Tem projetos para o futuro, assim que a pandemia desaparecer. Mesmo enfrentando o racismo desde de a infância não vai se deixar vencer.

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Escrito por Expresso Periférico

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