Entrevista com Carlos Dona Emília.

Expresso Periférico: Quem é Carlos?

Carlos Dona Emília: O Carlos é Cara muito conhecido respeitado e querido (risos) por seus amigos e familiares, hoje um Pai de Família com dois lindos filhos, um Bom Filho que sempre respeitou seus pais e irmãos e toda a Família, e hoje  Esposa e  Filhos. Começou a trabalhar muito cedo e continua até hoje. Para completar, o Carlos é, além de apaixonado pela Família, também  pela  Santa Igreja Católica, em especial pela Paróquia Santo Afonso, e apaixonado pelo CORINTHIANS. 

E.P.: Como comerciante há muito estabelecido aqui no bairro, particularmente na Av.Santo Afonso, qual a relação com a clientela que o reconhece, primeiro como filho da Dona Emília e agora como Carlão?

Carlos Dona Emília: Minha relação é muito boa como comerciante, pois a base de tudo sempre foi o respeito e a educação com todos, independente de idade e situação financeira: herança da minha querida Mãe que sempre foi nosso espelho e inspiração. Até hoje sou muito conhecido como o Filho da Dona Emília, coisa que me dá muito orgulho, e pros mais novos, como Carlão.  Chegamos aqui na Santo Afonso em 1976, cheguei como Carlinhos, nome dado com carinho, e aqui virei o Carlão, com o tempo, com muito trabalho e respeito. Hoje, a relação comerciante e cliente, em muitos casos virou amizade, muitas amizades, pois grande parte dos meus amigos são meus clientes. 

E.P.: Nos fale um pouco sobre a tradição da família aqui na Santo Afonso.

Carlos Dona Emília: Viemos em 1976 para Santo Afonso para um bar que se transformou no Mercadinho da Dona Emília. Meu Tio que comprou e trabalhou também com minha Mãe, meu Pai e meus Irmãos também.  Minha Irmã já teve bazar e papelaria, meus irmãos tiveram depósito de material de construção e de reciclagem, também famoso Ferro Velho (risos). Tudo na Santo Afonso, Cupecê e na Carlos Fachini, sempre atuando no Bairro

E.P.: Como você percebe o bairro: crescimento, pobreza, desigualdades, pandemia, preço dos alimentos, conflitos que você entra em contato a partir da sua condição de comerciante e observador da cena cotidiana da “rua”?

Carlos Dona Emília: O Bairro cresceu muito e os problemas também. Infelizmente a pobreza e a desigualdade é muito grande. pois eu posso atestar por causa do meu comércio, atuação na Igreja e muita conversa com moradores.  A falta de oportunidades, falta de espaço de lazer é muito grande: Infelizmente não temos nenhum espaço de lazer para crianças, adolescentes e idosos. Isso faz muita falta e a pandemia atrapalhou muito:  grande parte aqui teve que trabalhar, pois ficar  em casa não foi possível  pela situação financeira,  e pelo espaço em casa, é difícil e complicado, mas muita gente também ficou em casa. Veio o relaxamento com o tempo, como em todo o Brasil. Os preços dos alimentos subiram muito, fora da realidade. Também acho que teve muito abuso e está tendo em nome da pandemia, principalmente por produtores e fabricantes e falta de uma política atuante. O comércio só repassa: aqui na região a concorrência é muito grande e isso é bom para o consumidor. O bairro melhorou muito no aspecto de violência, mas  temos muito desrespeito na questão de barulho, som e essas benditas motos.  Mas  todas as vezes que eu vi e participei de alguns conflitos e confusões, conseguimos resolver pelo conhecimento,  respeito e razão. 

E.P.: Nos fale um pouco sobre sua participação na Paróquia Santo Afonso.

Carlos Dona Emília: Na Igreja também é uma herança da minha querida Mãe.  Sou apaixonado pela Igreja Católica Apostólica Romana. Tudo começou em São Judas Tadeu, pois nasci e morei até 13 anos no bairro de São Judas e depois viemos para a Santo Afonso. Minha Mãe sempre foi muito atuante na Igreja. Ela fez parte desde o início e eu num momento muito difícil da minha vida,  me apeguei mais ainda àquela semente que foi plantada pela minha Mãe.  Floresceu na hora certa. Gosto muito de participar e ajudar, pois a necessidade de ajudar é muito grande e eu gosto muito.  Acabamos nos dedicando muito, pois para mim  faz muito bem: conheci e trabalhei com padres maravilhosos, o  que me fez crescer muito espiritualmente, é uma coisa que me completa muito. Alguns anos atrás teve uma eleição no CEJOLE e perguntaram para as crianças, que eram quase 200, quem para eles representava uma pessoa ser um líder comunitário. A escolha era livre e para minha surpresa eu fui eleito com unanimidade. Acho que a minha conduta e participação na igreja ajudou muito. 

E.P.: Como mentor de uma torcida organizada local, ligada a um grande time de futebol, e como comerciante, descreva sua relação com torcedores rivais. 

Carlos Dona Emília: É  uma situação que eu preciso controlar muito pelo meu amor e paixão pelo Corinthians (risos). Tenho uma força e liderança muito forte aqui nessa questão,  pois sou muito conhecido. Por isso, também procuro não misturar muito a questão do comércio e torcida, mas é quase inevitável, mas a relação graças a Deus é muito boa. O segredo é o respeito falando do meu e respeitando o outro: é assim que têm que ser, evitando conflitos, discussões e respeitando os adversários que, não são inimigos, pois assim todos me respeitam e é isso que eu procuro passar para todos, inclusive para outros torcedores uniformizados. É dando exemplo e evitando confusões: e é assim que eu tenho o respeito de quase todos porque tem uns que é difícil (risos), mas são poucos. 

E.P.: Poderia comentar como você percebe o processo político a partir dos comentários que  ouve no dia a dia.

Carlos Dona Emília: Infelizmente o Brasil passa por um momento muito difícil politicamente.  Na minha visão, hoje há uma intolerância muito forte entre as pessoas, desde a eleição. Independente de quem têm razão, a agressividade acho que é muito forte. Eu digo, na questão entre Família, amigos, vizinhos, conhecidos, a melhor forma é a conversa. No campo das ideias, nos debates, sempre há troca de ofensas: e eu falo com propriedade, já vi discussões e brigas entre Irmãos, amigos e dentro das Famílias.  Sabemos que esses governantes e políticos não são exemplo para ninguém: não me lembro de ser assim tão forte, tanta agressividade de ambas as partes. Uns criticam muito forte a situação e com razão e outros não aceitam e brigam por políticos que não merecem.  O pior é que eles não estão nem ai: quando convém, entre eles se acertam, Pelo que eu ouço, vejo e acompanho nos grupos. Para mim é triste esse momento no Brasil.

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Escrito por Expresso Periférico

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