Por Carlos Seino

Sou pastor em uma pequena igreja na periferia de São Paulo.

No período da pandemia, nossa igreja obedeceu a todas as recomendações sanitárias para combate da Covid-19.

Porém, não foi um período fácil.

Boa parte dos meus pares evangélicos discordavam totalmente das medidas sanitárias e do distanciamento.

Houve quem alegasse que era uma espécie de golpe comunista, que, baseado em uma falsa pandemia e alarmismo, desdobrava um plano de fechamento das igrejas.

Quem não se lembra do atual Ministro do Supremo, o evangélico André Mendonça, à época na AGU, a serviço do governo Bolsonaro, protestando contra o fechamento (temporário) das igrejas e que os cristãos estavam dispostos a morrer por sua fé.

Até Aras, o PGR, alegando a supremacia da Constituição, dizia que as igrejas não poderiam ser fechadas por leis ou decretos inferiores. Porém, fato é que a proteção à vida está no centro do texto Constitucional.

Bolsonaro repetiu, “ad nauseam”, atos contrários ao distanciamento social e o incentivo às aglomerações.

E quando do período das campanhas eleitorais para Presidência, começou novamente a ladainha de que, se vencesse, Lula fecharia as igrejas.

Pois bem.

O pior da pandemia já se foi há algum tempo.

Lula venceu as eleições.

Nenhuma igreja foi fechada por perseguição política.

Onde estão os contrários ao distanciamento por medo das igrejas serem fechadas?

Onde estão os que mentiram novamente acerca das intenções do governo Lula?

Será que se convenceram de que estavam errados quanto à necessidade do fechamento temporário dos templos?

Será que perceberam que estavam errados ao acharem que o governo “comunista” fecharia as igrejas?

Não se arrependeram, nem acham que estavam errados. Seus corações endurecidos não admitem que estavam em erro, e, para fundamentarem suas posições, precisam acreditar e inventar mais e mais mentiras e mentiras, ao ponto de alguns dizerem que as vacinas não prestam e que estão matando milhares de doenças cardíacas e vasculares, mais do que a Covid matou. Ninguém podia morrer do coração no Brasil que já induziam as pessoas a pensar que era por conta da vacina (como se doenças cardíacas já não matassem aos milhares neste país muito antes da pandemia).

Só nos resta ter paciência, e sempre voltar a explicar calmamente (para quem quiser ouvir) que passamos por uma grave pandemia, que, por conta das vacinas, muito menos pessoas morreram do que na época da gripe espanhola e que não havia nenhuma intenção de perseguir a fé cristã.

De qualquer modo, precisamos ser realistas. A pandemia de mentiras está longe de terminar e as mesmas mentiras continuarão sendo repetidas sem parar.

Imagem: Jorge Marques

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Escrito por Expresso Periférico

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