No último 24 de março, o Brasil acordava com a resposta a uma pergunta que ecoava em nossos sentimentos há 6 anos: Quem mandou matar Marielle Franco, então vereadora do PSOL no Rio de Janeiro?

Já conhecíamos os executores: Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa, ambos ex-policiais militares com fortes ligações com as milícias no Rio de Janeiro. Lessa confirmou em delação premiada os mandantes do bárbaro crime, que atingiu também o motorista de Marielle; Anderson Gomes. O relatório da Polícia Federal aponta os irmãos Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal (União Brasil, recentemente expulso) e vereador à época do crime. Aponta também como planejador dos crimes Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio que comandava as investigações sobre os assassinatos.

Os três tiveram o mandado de prisão preventiva expedida pelo Ministro Alexandre Morais do STF e avalizados por unanimidade pela primeira turma do STF. A Comissão de Constituição e Justiça do Congresso deve votar e encaminhar um relatório para que o Congresso aprove, ou não, a manutenção da prisão do Deputado Chiquinho Brazão.

Por que somente após 6 anos isso veio à tona? A resposta a isso se deve em razão da Polícia Federal passar a investigar o caso a partir de 2023. Somente com a federalização da investigação foi possível fazer com que o processo tivesse andamento e não acobertamento.

Outra questão: Quem estava atrapalhando as investigações? Exatamente a mesma pessoa que era responsável pelo processo, o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, ainda segundo o relatório da Polícia Federal. Cabe ressaltar que há mais crimes de grande repercussão que não foram esclarecidos ou tiveram as devidas investigações por esse cidadão.

Mais uma questão respondida: Por que matar Marielle Franco? Segundo o relatório, a atividade da parlamentar do PSOL entrava em conflito com a grilagem de terras na zona oeste do Rio. Local de interesse direto dos irmãos Brazão, tanto na grilagem de terras como de reduto eleitoral.

Todo o material será encaminhado à PGR, Procuradoria Geral da República, a quem cabe analisar, investigar e, se houver elementos concretos oferecer a denúncia dos suspeitos ao STF

Fica uma última pergunta: Foi tudo devidamente esclarecido? Infelizmente não. O caso Marielle/Anderson foi concluído, no entanto, ainda não é possível saber a extensão das ligações entre a milícia com o poder público. Como disse o Ministro do STF Flávio Dino ao votar pela prisão dos suspeitos: (o caso) “…revela a possibilidade de configuração de um autêntico ecossistema criminoso em uma entidade federada, o que pode gerar a continuidade das investigações, em um ou mais inquéritos policiais, a critério das autoridades competentes”

Essa é a resposta que esperamos do Estado brasileiro. É isso que a sociedade exige.

Imagem: Bruno O./JAMAC

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Escrito por Expresso Periférico

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