Têm se falado e postado muito sobre o Reality Show BBB 21 nos últimos dias.

Texto de Lília Reis.

Nos últimos dias, muito se fala, comenta, posta, compartilha sobre algo que vem ganhando o tempo e a vida das pessoas no Brasil para além da pandemia: O Reality Show BBB, ou Big Brother Brasil, que a emissora prometeu aproveitar este tempo de pandemia e não há nada de novo na TV, para mostrar algo como um… Big dos Bigs! É aí que vemos absolutamente tudo como não gostaríamos: a lógica da internet transmitida na tela, a moda agora é: A política do Cancelamento… 

Em tempos de extrema direita, briga por vacina, militância e arrogância, competição quanto a número de seguidores e falas da “Lacração” vemos pela primeira vez na história do programa, que acontece há 21 anos, um grupo grande de pessoas pretas e outras “minorias” quase proporcional ao número de pessoas privilegiadas (brancas) que sempre participaram do reality. Mas algo diferente aconteceu nesta edição: muitos pretos com voz ativa, com respeito e experiência na militância. Era isso que gostaríamos de acreditar… Qual não foi o nosso susto ao perceber que o menino preto, mais jovem de todos e que num momento de reflexão e “surto” sugeriu um aquilombar-se e, ao mesmo tempo, se perdeu, em sentimentos de aceitação por uma garota branca, após uma brincadeira da mesma. O garoto precisava de apoio, o garoto precisava que estes mais velhos, dentre eles, um ídolo que segundo ele mesmo, o salvou de uma depressão através de suas letras musicais e uma psicóloga preta, simplesmente a partir da manipulação de uma outra artista e também militante, não lhe deram a mão. Ao contrário, deram-lhe falsidade, julgamento, pressão psicológica, exclusão.

Quantas vezes na vida, aqui fora do BBB, damos apoio aos nossos meninos? Vemos muitas pessoas abominando a atitude daqueles que poderiam apoiá-los e que também dão as costas para os nossos meninos, cobrando deles uma maturidade que sequer tem! Cobrando deles o afeto, o carinho e o respeito que não ensinam a ter! Assistindo ao programa e relacionando com a vida real, percebemos que o menino chegou ao ápice tentando acertar: SE SUICIDOU. Felizmente era só um reality e num surto, pediu para sair… mataram um sonho… Ele saiu dali desmoralizado, culpado por ser quem é, e por ainda não saber como lidar com isso. Ele saiu. Aqui fora, os meninos se matam mesmo, de diversas formas e não só no sentido literal. 

Que lugar é esse onde manipular, mentir, fingir, brigar por bobagens e não acolher,  traz mais fama e popularidade do que o afeto? Que lugar é esse que se acredita que criando competições bobas com seus fãs meninos, com a saúde mental abalada dentro de uma casa, você será mais bem quisto? Que lugar é esse que precisa permitir e comemorar a morte de um menino sem saber os reais motivos, sem escutar quando o menino está pedindo, implorando ajuda? E só chorar e dizer que se arrepende, quando o menino já não está mais ali… 

É um reality que já deixou de ser entretenimento há muito tempo. Aquelas pessoas sairão de lá um dia e irão precisar de muito amor daqueles que ainda os ama, porque fama, trabalho, oportunidade e dinheiro… pelo menos por enquanto, eles perderam. O menino? Ganhou, a partir do momento que saiu de um ambiente tóxico que não o favorecia. Um minuto de reflexão por todos os meninos e meninas que não conseguem sair…

Fotografia: Reprodução/Instagram

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Escrito por Expresso Periférico

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