Como o capitalismo descobre novas formas de exploração e quais são as saídas para a classe operária.

Texto de Vicente Garcia e Juarez Teixeira.

Imaginemos que estamos num quarto escuro no meio de um tiroteio cruzado. Acendemos a luz para ver de que lado vêm os tiros. São tantos e tão rápidos que não conseguimos identificar.

Ligamos o interruptor da consciência e pouco a pouco clareia o campo de batalha.

Aparecem, de um lado, os donos do mundo, os bilionários, os capitalistas, o exército, os milicianos, a imprensa oficial, TVs, redes socais com armamento pesado: fake news, metralhadoras, fuzis… 

Do outro: as trabalhadoras e trabalhadores, o Movimento Sem Terra, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, povos originários, sindicatos, pobres, desempregadas, desempregados, moradoras e moradores de rua equipados com boas maneiras, arcos e flechas. 

Todas e todos prontos para o confronto. Mas por que lutam? 

Os artesãos na Idade Média não conseguiam produzir alimentos e os produtos que a população necessitava.

Na Idade Moderna, a população cresceu e exigia uma produção maior para atender às necessidades de todas as pessoas.

O sistema capitalista criou as grandes indústrias, as linhas de montagem com centenas de empregados para conseguir a produção necessária.

Para isso, juntou os operários em prédios enormes. A Volks teve quarenta mil empregados na década de 1970 no Brasil e isso facilitou a união dos trabalhadores e as lutas operárias. 

A classe operária conquistou, a nível mundial e no Brasil também, um certo estado de bem-estar social. Tinha menos pessoas passando fome, mais emprego.

Essas concessões dos donos de empresas aos operários, unidas à concorrência cada dia mais acirrada na disputa do mercado, provocou uma queda nos seus lucros.

Os patrões nunca perdoaram a altivez e o atrevimento dos operários organizados em sindicatos e começaram a preparar a guerra para pegar tudo de volta.

Prepararam o campo de batalha favorável a eles: 

1º: Eliminaram as fábricas gigantescas. Dividiram sua produção em pequenas empresas.

2º: Dividiram, dispersaram a classe operária. Criaram o “home-office” (escritório em casa). Cada pessoa isolada em casa.

3º: Acabaram com a indústria nacional. Venderam  empresas estatais. Desempregaram milhões de  operários.

4º: Quebraram economicamente os sindicatos.

5º: Chegou o Covid-19 na “hora certa” e se tornou seu grande aliado. Nos isolaram em casa para que não nos manifestássemos e não reclamássemos.

6º: Elegeram um assassino que nos asfixia por falta de oxigênio (Manaus). “Se tem que morrer 30.000, que morram!  Que posso fazer?”. Desempregados, nos matam de fome na certeza de que voltaremos rastejando sem exigir nada: nem registro em carteira, nem direitos. Prepararam o nosso nocaute. Se apropriaram de todos os poderes: Executivo, Congresso, Judiciário.

São donos da imprensa, rádio, TV. Dominam as redes sociais.

As falsas religiões prometem paraísos que não existem. “Jesus nos salva. Não precisa vacina contra essa gripezinha”. Atemorizam seus fiéis: “Isso é coisa do Satanás”.

O exército e policias matam os que protestam e os que o ódio egoísta da população condena sem juízo por linchamento raivoso. 

Neste momento tão desfavorável à classe operária, nos arrancaram todas as conquistas que conseguimos com muito suor e sangue.

Detestam todos os partidos de esquerda que esclarecem os trabalhadores. São comunistas, terroristas, dizem. Eles precisam criar esse caos com o desgoverno que criaram através do golpe, do desemprego. A miséria, a fome será a perspectiva de futuro.

Esse governo corrupto e assassino não cai porque junto, com a Câmara, o Congresso aprova todas as leis contra os trabalhadores e entrega todas as nossas riquezas: petróleo, minérios, terras para as empresas estrangeiras. 

Somos seres humanos, trabalhadoras e trabalhadores que estão sendo submetidos à situação de escravidão, para continuar a produzir riquezas para alimentar a ganância de grandes grupos econômicos do Brasil e do estrangeiro.

Somos a grande maioria da população, que produz tudo que está presente na sociedade. Podemos inverter esta situação de exploração, participando nos movimentos e organizações populares das cidades e do campo. Priorizamos as redes sociais, em defesa do SUS e Renda Emergencial. 

Quando todas as pessoas estiverem vacinadas, deverão ser envolvidas de forma presencial em Movimento de Moradia, Saúde, Grupos Culturais e de Estudos sobre a realidade brasileira: partidos de esquerda, luta das mulheres, movimento negro, LGBTQIA+ e outros. 

Devemos participar em todas as formas de organização popular.

Só com muita organização, tomada de consciência da nossa força e lutas, é que vamos conquistar condições de vida mais íntegra para todas e todos.

Charge: Vitor Teixeira

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Escrito por Expresso Periférico

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