Quem não sabe para onde quer ir, a qualquer lugar que chegar está de bom tamanho

Nos diversos debates que estão ocorrendo com relação à importância das eleições de 2022, não resta dúvida entre a esquerda, setores populares e progressistas, de que precisamos derrotar o neofascismo (ideologia de um estado ditatorial, antidemocrático, que usa a força do estado contra o povo) representado pelo Bolsonaro e a política econômica neoliberal (Estado mínimo nas questões sociais, privatizações de empresas públicas, domínio do sistema financeiro) implantada no Brasil, após o golpe de 2016. Políticas essas que têm sido arrasadoras para a classe trabalhadora, com aprovação das chamadas reforma trabalhista, da previdência social e o congelamento dos investimentos em saúde, educação e segurança por 20 anos, como apontadas na 5ª edição do Expresso Periférico de maio de 2021, na Coluna Nacional.

Durante os assaltos destes direitos, feitos pelos capitalistas banqueiros e a grande burguesia, não houve mobilização suficiente da classe trabalhadora, que pudesse barrar as retiradas de seus direitos e impedir o desmonte do Estado, no que se refere às políticas públicas sociais. Uma das perguntas que se faz ao fato da classe trabalhadora não ter reagido, mesmo enquanto estava sendo atacada é: será que ela foi esclarecida do que realmente estava e está ocorrendo? Há um desconfiômetro de que não. Não sabia e continua não sabendo. Quais são os partidos de esquerda; movimentos populares; sindicatos e coletivos diversos que priorizam a formação popular, com produção de matérias e com a presença contínua nos espaços onde vive e circula a população: nas ruas, praças, estações, escolas, campos, trabalho, periferias, redes sociais e afins, informando a população do que estava acontecendo?

Diante do exposto acima, falando da campanha eleitoral, é necessário ter um programa e que a militância o leve e discuta com a população, para que desperte a consciência do que está em disputa e defenda seus interesses, isso de forma pedagógica, numa prática de educação política popular. E, inclusive, poder cobrar e fazer com que o programa trilhe pelo caminho que está sendo buscado. Um programa que, além das questões emergenciais de combate à fome, aponte para além da paixão pelo lulismo. Mesmo porque os problemas vão continuar após possíveis mandatos de Lula. Não basta só a corrida atrás de votos e dizer para a população: Lula lá ou Lula já. Há necessidade de uma postura de coragem na apresentação de um programa, mas, pelo que se tem visto em debates, a questão programática está fora das discussões, como na fala do Guido Mantega em entrevista no dia 28/01/22, no debate de 20 minutos do Breno Altman: “Não há um programa, o Lula sendo eleito, vai combater a miséria”.

Neste sentido, serão propostos alguns pontos:

Que seja um programa anti-facista e anti-neoliberal;

Desmilitarização do Estado, com a retirada de todos os militares de cargos civis, jurídicos e cargos públicos, fazendo com que estes se voltem para questões militares internas; 

Medidas urgentes de combate à fome e, também, um programa mais ambicioso de transferência de renda permanente; 

Dar consequência às apurações da CPI da COVID-19, com o julgamento e punições para os responsáveis; 

Reconstrução dos conselhos populares que foram extintos pelo atual governo; 

Uma reforma popular das polícias militares;

Revogação das políticas neoliberais de Michel Temer e Bolsonaro, entre elas a trabalhista, da previdência social e a emenda de teto de gastos;

Retorno das políticas sociais; 

Reestatização das empresa de serviço público;

Revogação da autonomia do Banco Central; 

Restauração do controle da Petrobras e do pré-sal, nacionalização da política de preços dos combustíveis; 

Proteção da Floresta Amazônica e combate à exploração de madeira ilegal; proteção das populações locais; 

Fim da mineração em terras indígenas; 

Retomada do processo de construção da América Latina e política externa independente.

Estes são apenas alguns apontamentos de um programa progressista, no direcionamento de para onde queremos ir, combatendo o fascismo e o neoliberalismo e marchando na busca da construção de uma sociedade de igualdade, democrática e justa. Sabemos que para isso terá que haver as lutas com os setores contrários, que, aliás, alguns deles vão estar na campanha do Lula e, se ele for eleito, estes estarão no seu governo e vão tentar impor os seus programas. Precisamos avançar para que daqui a alguns anos não fiquemos na nostalgia, dizendo: “Na época do Lula tinha isso! No seu governo tinha aquilo e agora não tem mais.” Governos que não avançam, retrocedem, e o destino é o fracasso”.

Imagem: TSE/Divulgação

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Escrito por Juarez José

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