Os perigos existentes na inversão de papéis entre os dois tipos textuais. Por Nayra Teles

O novo relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), publicado no começo de maio, expõe que 67% dos estudantes de 15 anos não sabem diferenciar um fato de uma opinião. O mundo atual exige que jovens, adultos e idosos tenham a   habilidade de distinguir esses dois fatores, por isso é essencial ensinar a população a interpretar o conteúdo ao qual são expostos para assim lidar com os novos desafios dos tempos tecnológicos. 

Vivemos uma Infodemia, em que a informação, ao mesmo tempo que é encontrada de forma fácil, acessível e abundante, também pode possuir um caráter bastante superficial, isso é, ser divulgada sem uma boa análise e fontes checadas, dificultando a compreensão clara do que verdadeiramente é um acontecimento real e o que seria uma mera especulação. Nesse sentido, é preciso desenvolver estratégias para lidar com as ferramentas ao nosso dispor e ensinar a identificar os dados que são factuais, com provas, daqueles que refletem uma opinião subjetiva, podendo ser baseadas em achismos, assim evitaríamos uma confusão perigosa: a que esses papéis se invertem. 

Como umas das consequências dessa inversão, é gerada uma descrença na ciência, que acaba sendo questionada ou desacreditada pela própria população que argumenta baseando-se em opiniões para ir contra ao que já foi provado. Movimentos como o antivacina e o terraplanista são exemplos claros dessa ideia, mesmo sem comprovação científica, ganharam força e muitos acreditam fielmente nas falácias desses grupos. É ainda mais complicado quando vozes com grande impacto na sociedade também disseminam seus julgamentos ideológicos, questionando ou até invalidando os fatos, influenciando toda uma cadeia de pensamentos.

Assim nascem também as Fake News, notícias falsas que, em parte, possuem um pivô ideológico, com caráter apelativo, divulgadas muitas vezes intencionalmente, seja para conseguir visibilidade, lucro financeiro, entre outros, beneficiando alguém ou um grupo específico. A ausência na qualidade de interpretação desses conteúdos deixa a população frágil, sendo mais facilmente manipulada. Em vista disso, é preciso questionar sobre quais são a fontes da informação, adquirir um pensamento crítico e analítico diante de tudo que é consumido em grande escala na internet, compreendendo que há limites claros entre o externo factual e o pensamento individual, ao passo que os debates ganhem forma e força.

Desenvolver uma opinião, diante de determinado acontecimento, e expressá-la faz parte de um processo de aprimoramento do conhecimento e traz inovação. O perigo mora na crença cega, na imposição de ideias como verdade absoluta em proveito próprio, na fragilidade que existe ao se ter tanta informação e não a entender com clareza. Com o objetivo de todos conseguirem opinar com responsabilidade e consciência, a habilidade já citada aqui, interpretar o que é opinião e o que fato, se torna fundamental.

Imagem: Nappy

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Escrito por Expresso Periférico

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