O córrego Zavuvus nasce na rua Navio Perdido, em Americanópolis/Vila Missionária, e corta os bairros de Americanópolis, Joaniza, Consórcio e Campo Grande, margeando importantes avenidas da região, como Yervant Kissajikian, av. Interlagos e marginal do Rio Pinheiros. Joga suas águas no Rio Jurubatuba, percorrendo uma extensão de, aproximadamente, 9 km. No percurso, milhares de pessoas são afetadas pelas constantes cheias provocadas pelo absoluto descaso do poder público que pouco olha para as regiões periféricas da maior e mais rica cidade do país.


Nesse contexto, o “Zavuvus”possui um triste histórico de inundações e de vidas que foram consumidas nos últimos dez anos, revelando da forma mais dramática como a exclusão social é chocante na medida que um imenso contingente populacional mora em ocupações subnormal-favelas e encontram às margens do córrego e também sobre ele, a única possibilidade para garantir um teto para se abrigar.


No início da década de 1980, a Sociedade Amigos da Av Santo Afonso e Adjacências, acompanhada por moradores que sofriam, e ainda sofrem, por ter suas casas invadidas por um córrego que se tornou um verdadeiro esgoto, empreendeu uma intensa mobilização para cobrar do poder público uma intervenção para reduzir o drama dos moradores que sofriam com o assoreamento do córrego e também as inundações decorrente das chuvas, principalmente no verão. Algumas limpezas foram feitas, pouco alterando a condição de abandono e a sujeira presentes em todo o leito. A cada chuva intensa, os poucos pertences dos moradores eram tragados pela lama do esgoto que o córrego havia se tornado.


Só no início do século 21 o poder público inicia um projeto urbanístico para alterar o histórico abandono da bacia do Zavuvus. Todavia, o quadro que se vê ainda é extremamente preocupante! Quando observamos a condição atual do córrego nas proximidades da nascente até ao longo de três quilômetros, sentimos o pouco ou nada que foi feito…


O projeto para retirar o esgoto do Rio Pinheiros, que recebe as águas do Zavuvus, segundo os moradores, está sendo conduzido por empresas terceirizadas pela Sabesp que, visivelmente, desenvolvem um trabalho de qualidade duvidosa e, ainda segundo os moradores, as estruturas construídas para receber os dejetos antes de chegar ao córrego não estão resistindo às chuvas que passam a ser cada vez mais intensas. Quanto ao projeto de urbanização, o que se vê é uma verdadeira “zona de guerra”. Com a retirada dos moradores sob alegação de liberar espaço para urbanização, áreas antes ocupadas por moradias estão tomadas por entulho, revelando falta de planejamento e depósito de materiais inadequados nas áreas que estão abandonadas, revelando e a indiferença da prefeitura e do estado com a parte mais sofrida da população.


Por outro lado, é visível o contraste com a área “mais nobre” do território, que não sente o descaso por parte do poder público, onde a visibilidade se torna maior.

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Escrito por Expresso Periférico

3 thoughts on “Córrego do Zavuvus: uma tragédia a céu aberto”
  1. é isso ai gente….mostrando o que a tv não mostra muito menos em época de campanha…..a falta de saneamento é um velho e grande descaso do poder publico e se evidencia na pandemia. Um dos motivos do virus se transmutar está ai…..biólogos que me corrijam. A pandemia é um problema de todos e há muita briga a ser feita!!

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