O que está por trás das flores?

O dia das mulheres passou. E aí, ganhou flores? Ou presenteou aquela mulher especial com uma caixa de bombons? Quantas vitrines você viu com cartazes cor-de-rosa estampando promoções de maquiagens ou eletrodomésticos? É impressionante como o comércio consegue distorcer o propósito dessa data, não é mesmo?

Muitos de nós sabemos que, diferentemente do dia das mães ou dos namorados, que são datas exclusivamente comerciais, o Dia Internacional da Mulher não se trata de entrega de presentes, trata-se de um convite à reflexão sobre a situação da mulher em nossa sociedade.

Mas as mulheres ainda estão em uma situação ruim? Não somos “todos iguais”? De fato elas já conquistaram muitas coisas, como o direito ao voto, ao divórcio e a exercer profissões que antes eram restritas aos homens. No entanto, existem questões estruturais muito importantes que devem ser discutidas.

A dupla jornada de trabalho é uma dessas. Sabemos que culturalmente é papel da mulher cuidar das pessoas da família e também dos afazeres domésticos. E mesmo que essa mulher exerça um trabalho remunerado, exige-se dela que continue dando conta da casa.

Além disso, vale mencionar que o Brasil está entre os países do mundo que mais explora sexualmente as crianças, a cada 7 horas uma mulher é assassinada, a cada 10 minutos uma mulher ou menina é estuprada e durante o isolamento social, momento em que boa parte da população passou mais tempo em casa, o número de casos de violência doméstica aumentou.

O dia 8 de março foi reconhecido pela ONU como o Dia Internacional da Luta das Mulheres, em virtude dos atos e organizações feministas pela conquistas de direitos. O dia 8, especificamente, faz referência ao protesto conhecido como Pão e Paz, ocorrido na Rússia, em 1917, quando operárias se manifestaram contra as más condições de trabalho, a presença do país na guerra e a fome, no regime do Czar Nicolau II. Esse é o tom que deve conduzir essa data: força e organização. É dessa forma que se constrói avanço. Esconder isso dentro do perfil de sensibilidade e romantismo é mais uma vez impedir a possibilidade de se refletir sobre os caminhos que trouxeram o avanço das mulheres. O território do Jardim Miriam, Pedreira, Cidade Ademar e outros possuem grandes exemplos de organizações feministas dispostas a lutar por direitos. O Comitê de Lutas e o Expresso Periférico te convidam para conhecer mais a respeito:

Imagem: Bruno O./JAMAC

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