Resistência e tradição movendo fazeres e saberes  na periferia, que é centro,  e produz intensamente arte e cultura. Por Petezêra

Coletivo 231 é um agrupamento informal, cultural, artístico que fomenta e promove a cultura popular brasileira por meio da percussão e outras ações sociais, como a arte de rua o HIP-HOP: grafitti, break e MCs na Comunidade de Vila Clara, localizada no subúrbio da Zona Sul da cidade de São Paulo. O número 231 vem da sede do próprio, que é localizado na mesma rua da quadra.

Petezera e Vini Malaka, moradores do bairro onde nasceram, cresceram e se desenvolveram, são os mentores do coletivo e mediadores do Projeto Batuca Vila Clara. Ambos carregam a musicalidade da cultura popular brasileira e o contato com ela desde pequenos, quando frequentavam a ONG CDC Leide das Neves (ACM/SP). De lá veio todo um conhecimento musical com ênfase na percussão brasileira. Participaram da criação do Grupo de Maracatu Ilê Alafia em 1999, grupo de pesquisa e fomento da manifestação pernambucana do maracatu de baque virado. De forma natural, agregaram ao time o artista Neggro Lu que com o seu Projeto Art eterna de Rua apresentou à comunidade o HIP-HOP: grafitti, break e MCs.

O Coletivo 231 está sempre em busca de novas parcerias e parceiros que queiram  embarcar em nossas viagens e propostas sociais. Nós, do Coletivo 231 e a Comunidade de Vila Clara, estaremos sempre abertos aos novos ventos. Gostamos de receber bem as parceiras e parceiros que queiram somar, lição esta aprendida com nossos Mestres, Mestras e Comunidades nordestinas de quando estavam no nordeste.

Temos como pilar de atuação, a cultura popular brasileira e toda a sua cadeia produtiva, o respeito com Mestras e Mestres dos folguedos, brinquedos e manifestações tradicionais de nosso País. Sempre fomentando seus trabalhos e dando o devido valor que todas e todos eles merecem. No momento, todas as atividades estão sendo realizadas sem nenhum recurso ou apoio financeiro.

PROJETOS

Iniciamos as atividades do Projeto Batuca Vila Clara em julho de 2021 com alguns poucos instrumentos particulares que os mediadores possuem, para atender minimamente o público infantil. Pretendemos e queremos abrir o Projeto para toda a comunidade de Vila Clara, ampliando seu raio de expansão e acolhimento. Sendo assim, precisamos de mais recursos financeiros para o custeio dos salários dos mediadores/professores, compra de instrumentos musicais, oferecimento de alimentação durante as aulas, confecção  de  um estandarte e figurinos, além, da criação de uma identidade visual do Projeto. Tudo isso para que o Projeto seja autossustentável nos próximos anos. 

O Projeto Batuca Vila Clara é um projeto com várias frentes, sendo elas:  formar  novos agentes de cultura, formar público, diminuir a ociosidade das crianças e adolescentes em tempos pandêmicos, oferecer aulas semanais  práticas em conjunto, contextualizar geograficamente os ritmos, montar um bloco afro-carnavalesco e, por fim, realizar um cortejo pelas ruas do bairro de Vila Clara na intenção de mostrar à comunidade o resultado do Projeto.

O principal objeto de estudo e prática será a manifestação pernambucana do maracatu nação/de baque virado, genuinamente brasileira.  Declarada    patrimônio imaterial pelo IPHAN em 2014, o maracatu de baque virado vem ganhando notoriedade mundial desde a década de 90, quando saiu de Pernambuco, por meio da banda Chico Science & Nação Zumbi, levando vários elementos da cultura popular, como os maracatus, o coco de roda, a ciranda e o baião, para outros estados e países, fazendo o grande público conhecer tais manifestações, que até então eram desconhecidas, restritas apenas às comunidades locais de algumas cidades pernambucanas. E o Coletivo 231 navega nessa onda, fomentando e valorizando essa manifestação popular existente e resistente há mais de 200 anos.

Os membros do Coletivo 231, Petezera e Vini Malaka acumulam cada um mais de vinte anos de pesquisas sobre esta manifestação, com diversas viagens às principais cidades pernambucanas onde o maracatu de baque virado se faz presente até os dias atuais, como: Recife, Olinda e Igarassu. 

Aprendendo diretamente com os Mestres, Mestras e Comunidades a arte desta tradição:

O MARACATU

“O Maracatu Nação foi inscrito, pelo Iphan, no Livro de Registro das Formas de Expressão, em dezembro de 2014. Com a grande maioria dos grupos concentrada nas comunidades de bairros periféricos da Região Metropolitana de Recife, também é conhecido como Maracatu de Baque Virado. Essa forma de expressão cultural apresenta um conjunto musical percussivo a um cortejo real, evocando as coroações de reis e rainhas do antigo Congo africano. Os grupos apresentam um espetáculo repleto de simbologias e marcado pela riqueza estética e pela musicalidade, assim podem ser traduzidas as apresentações de grupos de maracatu, em Pernambuco. O momento de maior destaque consiste na saída às ruas para desfiles e apresentações no período carnavalesco.”

Fonte: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/504/

Imagem: Coletivo 231/Instagram

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Escrito por Expresso Periférico

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