Por Juarez José

São Paulo, 24 de setembro de 2021.

Caro amigo, educador e mestre, Paulo Freire.

Olá, como vai? Espero que esteja bem, juntamente com seus amigos e amigas de caminhadas, que aliás, foram muitas e muitos. Caminhada que continua num crescente aumento de pessoas cada vez mais em busca de uma educação inclusiva e libertadora.

Sobre mim? Eu estou bem, dentro das limitações que a realidade social impõe, mas claro que não falta vontade de melhorar as condições de vida de toda gente oprimida.

Devo lhe dizer que estão acontecendo com grande desenvoltura e vivacidade as comemorações de seu centésimo aniversário, em reconhecimento e gratidão pelo seu trabalho de formação crítica e libertadora. São muitas e variadas as homenagens: Poesias, leituras, reflexões, músicas, bate-papos, aulas e muitas energias boas.

Mas tudo isso ocorre à distância, pois estamos enfrentando uma inédita pandemia ocasionada pelo vírus chamado de COVID-19, em que logo, logo, e, infelizmente, devemos superar as 600 mil vidas ceifadas. E, para piorar a situação, há na presidência da república, um “charlatão genocida” chamado Jair Bolsonaro, aliado desta pandemia por não adotar medidas para combatê-la e que ainda incentiva as pessoas a se jogarem nas ondas virais sem usar equipamentos de proteção recomendados pelos especialistas em saúde.

E não é só isso não, Mestre. Esse indivíduo de posição extremista de direita adota medidas para fortalecer ainda mais a doutrina e política neoliberal, na qual as pessoas se tornam cada vez mais individualistas e, quem é rico, se torna mais rico, e quem é pobre, fica na miséria.

E, dentro desta lógica, quem é endinheirado, tem a liberdade de tudo, como: comprar armas para eliminar quem é pobre, tomar terras indígenas, queimar florestas da Amazônia, Pantanal e parques nacionais, apossar-se dos recursos naturais de forma privada – aqui especialmente os aquíferos. E inclusive um método novo por onde empresas produzem e disparam milhares de mensagens falsas por redes de computadores para difamar pessoas idôneas e promover outras aliadas à sua ideologia. 

Por outro lado, meu querido, existem as lutadoras e lutadores do povo que dedicam parte importante de suas vidas para que as pessoas oprimidas – leia-se aqui “os excluídos, negros, negras,  indígenas, mulheres e pobres” – se libertem da opressão e escassez que lhes foram submetidas, E para esse combate, contamos ainda com suas obras pedagógicas que muito contribuem nesta busca duma vida digna para todos nós. 

Estimado companheiro, terminando esta singela carta, devo te dizer que há uma interpretação sua sobre um verbo comum que é constantemente lembrado e funciona como um motivador às pessoas que estão nessas lutas. A palavra é o verbo “esperançar” da qual deriva-se a palavra “esperança”. Quando você dizia esperança, não é sobre ficar esperando, mas sobre “esperançar”, fazer acontecer. 

As educadoras e educadores mandam um abraço a você e aos saudosos Dom Paulo Evaristo, Margarida Alves e Beth Carvalho. Até a próxima! 

Juarez José

Imagem: Wikipedia

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Escrito por Expresso Periférico

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