No dia 24 de dezembro, véspera de Natal, como de costume, acordei tarde, às 9 horas da manhã.  Fico acordado até tarde da noite assistindo aos noticiários da TV, assistindo a vídeos dos blogs de esquerda como 247,  Breno Altman, Alisson Mascaro, Jones Manoel e lendo livros como “A Elite do Atraso”, de Jessé de Sousa, “O Sentido do Trabalho”, de Ricardo Antunes, textos “Como Domina a Classe Dominante” etc.. Tudo isso para tentar entender o que acontece no Brasil nos últimos tempos, sobretudo após 2016 com o golpe que afastou a Presidenta Dilma Rousseff. Um golpe atrás do outro. Aquele povo alegre que gosta de samba e futebol, acolhedor que recebe o povo de outros países de braços abertos, sem preconceito de cor, raça ou religião, propagandeados pelos meios de comunicação e que nos fizeram acreditar  também, mostrou a sua verdadeira face. Mostrou-se a face oculta do povo alegre. Mostrou que 30 % é preconceituoso, racista, homofóbico, despolitizado e tosco. Tudo isso estourou na eleição de Presidente da República em 2018. Elegeu-se um presidente que nunca trabalhou e nem estudou na sua vida inteira, só viveu de trambiques, se valendo do fato de ser militar, de baixa patente por sinal, apoiando aqueles mais nocivos dentro das Forças Armadas como coronel Ustra, torturador e assassino daqueles que lutavam por um país melhor, mais culto e educado, com melhor distribuição de renda, com direito à saúde, à educação e à moradia, a uma vida digna a todos.

Fico assistindo aos vídeos no celular e lendo alguns livros para escrever num jornal virtual, “Expresso Periférico”, de um grupo de amigos e companheiros  daqui da Zona Sul, próximo de Jd. Míriam, Americanópolis, Cidade Ademar

Assim que levantei e tomei café, minha companheira me entregou uma lista de ingredientes para serem comprados para fazer um rocambole para a ceia que seria à noite. Peguei a lista e fui ao supermercado. Tive que ir ao mercado Ayumi que fica a 500 metro de casa. Antes, não faz um mês, iria a um pequeno supermercado à pé que fica a 70 metros da nossa casa que tinha tudo: padaria, açougue, horti-fruti e tudo que tem em um supermercado comum. Tive que ir ao mercado mais distante pois o mais  próximo de casa fechou devido à pandemia. Funcionou por um pouco mais de um ano. Eu gostava de comprar nele por ser próximo de casa. Não perdia tempo em ficar na fila e também de sair de casa, ir até o outro. Não podemos perder um segundo na vida. Tenho 73 anos e cada minuto perdido é menos tempo de vida.

Comprei tudo que estava apontado na lista. A carne moída pedi para o açougueiro moer na hora, pois a que já vem moída antecipadamente que fica exposta no balcão já é muito contaminada. A carne moída é uma carne muito perigosa pois, conforme é moída na máquina já contaminada, contamina toda carne e quando é deixada muito tempo exposta no balcão, as bactérias multiplicam-se com muita rapidez.  A carne em peças tem menos chance de se contaminar com bactérias: só na parte externa, que é mais exposta, fica mais contaminada, a parte interna é mais difícil de contaminar 

Terminadas as compras, chega a hora de enfrentar as filas dos caixas. Logo de cara, deparei-me, numa fila de “caixa rápida” de até 15 volumes, com a gritaria de uma mulher que apontava um cliente que furou a fila. Este é um momento em que as pessoas ficam nervosas devido à demora do andar da fila e com gente oportunista que não respeita os direitos das pessoas que pacientemente esperam a sua vez de passar as suas compras. Essa atitude de “furar a fila” acontece em todo lugar, é a “lei do Gerson” que quer levar vantagem sobre os seus iguais.

Procurei um caixa especial para as pessoas com necessidades especiais como as gestantes, deficientes, idosos. São os “Caixas Prioritários” que foi um dos itens promulgados na Constituição de 1988. Os direitos especiais para as pessoas com dificuldades de mobilidades ou o “Estatuto dos Idosos”. Para o meu espanto, a fila estava muito longa: a maioria não era idoso e nem pessoas com dificuldades em mobilidade. Procurei uma funcionária do mercado, que anunciou pelo alto-falante que “Caixa Prioritário” era exclusivamente para aqueles que se enquadravam nestas características. A maioria das pessoas não se sensibilizou com o anúncio do alto-falante. Procurei alertar as pessoas que a fila era somente para os “prioritários”. Uma pessoa começou a gritar que não sairia daquela fila nem à força, outras não se sensibilizaram com isso, ou acharam que não valia  a pena brigar por pequena coisa. Então, peguei a minha compra e fui lá na frente da fila e pedi licença para exercer os meus “direitos de idoso”. Ninguém esboçou qualquer reação. Aí me veio a seguinte reflexão:

QUEM NÃO RESPEITA OS DIREITOS DE SEU SEMELHANTE, NÃO LUTA PARA NÃO PERDER OS DIREITOS COLETIVOS!

Imagem: Google Maps

Compartilhe:

Escrito por Paulo Nakamura

Deixe um comentário