7 de setembro e os caminhos para autonomia

Você é independente? Quanto tempo você precisa dedicar ao trabalho para poder garantir sua autonomia? Esse mês temos um feriado, 7 de setembro, dia em que o país deixou de ser colônia e passou a “caminhar com as próprias pernas”. Você lembra quando isso aconteceu com você? Foi uma escolha ou uma necessidade? E para você que ainda não é independente a pergunta é: Quanto você acha que isso vai te custar?

Uma das definições do dicionário para a palavra independência é “Estado ou caráter de quem goza de autonomia, de liberdade com relação a algo ou alguém”. Isso ajuda bastante, mas também é importante compreender o que significa autonomia, segundo o mesmo dicionário: “Capacidade, faculdade ou direito de se autogovernar, de tomar suas próprias decisões ou de agir livremente”. Curioso é que essa palavra vem do grego AUTÓS, que traz o significado de “si próprio” e ”NOMOS” de nome ou normas. De um jeito poético podemos pensar então que a palavra autonomia pode significar: a capacidade de dar nome a si mesmo.

Nosso país tem nome de mercadoria, já reparou? Brasil, de pau-brasil, madeira exportada daqui para a Europa. Quando as pessoas escravizadas chegavam ao Brasil, uma das violências que sofriam era a retirada de seus nomes. Na Segunda Guerra Mundial e em alguns presídios por aí, as pessoas são identificadas por números, apagam-se os nomes. Há quem diga que só existe aquilo que tem nome, retirá-los, então, é uma forma de apagamento. Mas você escolheu seu nome? Ou melhor, você conseguiu escolher a existência que queria?

Posso garantir que nesse processo, para o bem ou para o mal, a educação teve um papel fundamental na sua vida. Afirmamos isso porque, para que alguém seja livre e possa nomear sua existência, é preciso primeiro saber a quê ou a quem está preso. E para fazer essa descoberta é fundamental ser crítico. Ser crítico significa levar as coisas ao limite, não aceitar o que “parece ser” e investigar a realidade para que a verdade possa ser elaborada. Esse deveria ser o papel da escola.

O que não parece ser uma preocupação do atual Secretário da Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder, por exemplo, que vem sucateando mais ainda o ensino público, negando-se a garantir o pleno acesso aos livros didáticos do Plano Nacional de Educação e optando pela construção de materiais didáticos que vêm apresentando problemas grotescos de conteúdo. Feder acredita na tecnologia como um meio de garantir um ensino de qualidade, desde que esse meio seja produto da Multilaser, empresa da qual ele é sócio proprietário. Ele quer garantir o ensino com investimento em materiais digitais em uma rede em que 51% das escolas de Ensino Fundamental não tem sala de informática. Não é por acaso que o Ministério Público abriu um inquérito por conflito de interesses para investigar o caso.

Como se comemora a independência de um país com esses rumos para a educação? Assim como o povo baiano teve papel fundamental nessa luta, no início da década de 1820, é hoje ainda o povo a única solução para que esses ideais de autonomia sejam direitos e não privilégios. Não haverá sujeitos livres sem a consciência da realidade que nos cerca. O Expresso Periférico vem lutando por esse direito há anos e você, leitora e leitor que nos acompanha, também o faz quando lê nosso material e propaga esse pensamento. Sabemos que você faz isso porque tem as respostas para as perguntas colocadas no início desse texto em relação ao valor de sua autonomia, sua independência. E a resposta com certeza é a mesma que o povo baiano nos daria: uma vida inteira.

Imagem: Fragmento da obra “Pacto”, de Paulo Delgado (2021).

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Escrito por Expresso Periférico

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