Por Carlos Seino

Uma pessoa homossexual, fortemente alinhada com a direita, estava frequentando o meio evangélico e acabou se suicidando. Parece que chegou a dizer em suas redes sociais que havia perdido a batalha.

Milhares de internautas, possivelmente evangélicos, a homenagearam na esperança de que ela descanse eternamente (possivelmente por se identificarem com sua posição política de direita, pois, na teologia de muitas igrejas, o suicida não herdará o Reino).

Isso me faz pensar no tipo de cuidado que muitas igrejas evangélicas oferecem para pessoas homoafetivas.

O fato é que já presenciei, mais de uma vez, pessoas homossexuais que se sentiram mal ao serem submetidas à cultura de certas igrejas evangélicas, embora fossem muito sinceras em tentar aderir à religião.

Ouvi relatos de casos em que se orava para que a pessoa deixasse a homossexualidade (para ficar em um exemplo “brando”).

As igrejas, de modo geral, não estão preparadas para lidar com um assunto tão complexo envolvendo a sexualidade.

E também não estão preparadas para lidar com quadros clínicos de depressão. Precisam de ajuda especializada (o difícil é que até nisso alguns crentes condenam).

Particularmente, e sem querer ser polêmico, como membro de uma igreja evangélica conservadora que não celebra casamentos homoafetivos (lembrando que a Igreja Católica e Ortodoxa também não o fazem), entendo que NÃO SE DEVE prometer uma espécie de cura para pessoas homoafetivas.

Isso acontece porque, ao perceber que tal “cura” não chega, a pessoa tende a achar que o problema é com ela, que Deus não a ama (afinal o pastor prometeu), e se ela tiver uma tendência depressiva, pode acarretar um resultado muito triste.

Nesse caso, se essa pessoa de fato entender que deve permanecer em sua igreja conservadora/fundamentalista, o que resta dizer é que ela terá essa luta com sua sexualidade pelo resto de sua vida (conheço e conheci muitos que enfrentam essa batalha, cuja intensidade varia de pessoa para pessoa). Ela deve entender que, se isso é o correto a fazer por amor ao evangelho, terá que negar-se a si mesma todos os dias de sua vida, mas jamais dizer que se tornará hétero.

E vou além. Nos dias atuais, há igrejas que mudaram seu posicionamento quanto a essa questão, as chamadas igrejas inclusivas. Penso que deve-se apresentar essa alternativa para essas pessoas, não se devendo esconder isso delas. Entendo que, dentro do protestantismo, mesmo de uma perspectiva conservadora, deve-se dar o benefício da dúvida para tais comunidades que resolveram acolher em vez de condenar, afinal, a misericórdia sempre triunfará sobre o juízo.

Imagem: Expresso Periférico

Compartilhe:

Escrito por Expresso Periférico

Deixe um comentário