Em um Brasil imenso, com desigualdades imensas, Michele Bolsonaro manipula o eleitorado feminino e favorece ainda mais a violência contra a mulher

Recentemente estamos vendo a primeira-dama mais em evidência nos noticiários, estratégia de campanha eleitoral para deixar a imagem do presidente menos antipática às mulheres.

Há pouco menos de dois meses do primeiro turno da eleição presidencial aqui no Brasil, parte das estratégias de campanha dos dois concorrentes que chegam mais perto do pleito, — Lula e Bolsonaro —, está voltada às mulheres, sobretudo às evangélicas, eleitorado que pode decidir a eleição. 

Para conseguirem os votos que, segundo a BBC News Brasil, são quase 60% de evangélicas, tanto a campanha de Lula quanto a de Bolsonaro apostam em veicular a imagem das esposas, Janja e Michele Bolsonaro, às campanhas eleitorais.

No entanto, assim como os quase quatro anos de mandato da família Bolsonaro, a primeira-dama se emprenha em um verdadeiro desserviço à população, sobretudo, às mulheres de classes mais baixas.

No último dia 07 de agosto, em um culto evangélico da igreja Batista Lagoinha, em Belo Horizonte, Michele Bolsonaro, — vestida com um tecido leve e de cor clara de forma que ressaltasse suavidade —, passa o microfone ao então presidente da república com o seguinte discurso: “Como o homem é o cabeça da casa…”. Isso em meio ao público de apoiadores que felicitava a atitude da primeira-dama. Ou seja, a mulher passa o microfone aquele que tem o direito de falar, aquele que sabe o que importa saber, aquele que manda, a mulher é apenas uma mera coadjuvante nesse cenário caótico, que serve a enaltecer as qualidades inventadas do marido, que tanto mal fez e ainda faz à nossa população.

Segundo uma pesquisa de opinião em parceria com o Data Senado e o Observatório da Mulher contra a Violência de 2021, “(86%) percebe um aumento na violência cometida contra pessoas do sexo feminino durante o último ano”, e continua: 

Para 71% das entrevistadas, o Brasil é um país muito machista. Segundo a pesquisa, 68% das brasileiras conhecem uma ou mais mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, enquanto 27% declaram já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem. De acordo com a pesquisa, 18% das mulheres agredidas por homens convivem com o agressor. Para 75% das entrevistadas, o medo leva a mulher a não denunciar. O estudo demonstra, no entanto, que 100% das vítimas agredidas por namorados e 79% das agredidas por maridos terminaram a relação.

Fonte: Agência Senado

Em um Brasil imenso, com desigualdades imensas, Michele Bolsonaro manipula o eleitorado feminino e favorece ainda mais a violência contra a mulher, quando sugere que se deve respeitar o homem e se submeter a ele. 

Discurso esse direcionado às mulheres que sofrem a violência dos maridos, namorados, pais, filhos, física e verbalmente, que muitas vezes têm apenas a igreja evangélica para encontrar ao menos um olhar a ela, do bispo. Em lugares em que não chega o estado e onde a educação, saúde e segurança são precárias, mas que há o incentivo para abrir as pequenas,  minúsculas igrejas evangélicas, que dissipam discursos de sujeição feminina, machistas, misóginos.

Daqui para frente veremos cada vez mais a primeira-dama falando de uma família que nada tem a ver com as famílias das periferias brasileiras, enaltecendo homens violentos e a submissão feminina, favorecendo a violência contra religiões de matrizes africanas, ou seja, toda essa babosada que infelizmente nos mata. Cabe a nós nos informar, nos acolher, nos apoiar, independente de nossas crenças, olhar-nos com generosidade e nos encontrar em cada relato de abuso que sofremos, pois aqui no Brasil é quase impossível uma menina, uma mulher não ter sofrido  alguma violência física ou verbal de um homem.

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Escrito por Coletiva de Mulheres

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