Queremos celebrar pelo espaço conquistado na construção coletiva deste jornal.  Assim que ouvimos a palavra ESPAÇO, fomos levadas a outra questão: LUGAR.  Procurando a etimologia das palavras espaço e lugar, resolvemos ficar e trabalhar com a primeira definição (que nos pareceu a que se adequa melhor à proposta). Espaço:

Extensão tridimensional ilimitada ou infinitamente grande, que contém todos os seres e coisas e é campo de todos os eventos, ou extensão ideal[1].

Nossa! Quanta coisa cabe aqui.

Então, nos perguntamos quem é que possui a capacidade de abrir tamanho espaço? A Terra. Gaia ou Geia, cultuada pelos gregos, Pachamama, na América Latina e no Brasil, o que configura a Natureza em Yacy: Ya (Grande Senhora); Cy (Mãe)[2] ou na mitologia Ioruba, Àiyé, Ayé ou Aiye. 

Independentemente das formas, idiomas, maneiras como ela é chamada, o que se quer dizer aqui é que a força geradora de vida da Terra está presente dentro de cada uma, cada um de nós. Ela sempre nos remete ao cuidado, à acolhida, à diversidade, pois todos cabem nela, por mais estranhos que pareçam a uns ou a outros. Ela acolhe todos os seus filhos e sempre está abrindo espaço para mais uma ou um.

Há, de fato uma sabedoria profunda na noção da Terra como mãe que nos desafia a relacionarmos com nosso planeta lar, não como um objeto para explorar e controlar, senão como sujeito que alimenta e sustenta todas as criaturas e busca uma relação sujeito a sujeito com todos os seres vivos[3]. (O’MURCHU Diarmuid, p.50)

 Alarga o espaço da tua tenda, estende as cordas, reforça as estacas. Pois hás de transbordar para a direita e para a esquerda, a tua descendência tomará posse de outras terras[4]..,Is. 54, 2-3.

É isto que este “espaço” pretende ser. Escrito por mulheres de diferentes etnias, crenças, espaços de atuação… mulheres que, se valendo de suas experiências de vida na periferia, querem refletir, junto com outras e outros, sobre o que acreditam. E que isso possa servir para alentar a vida, aproximar pessoas, expandir horizontes, inculcar dúvidas, reflexões.

Pretendemos falar de outras mulheres que abriram espaços, “alargaram suas tendas” para que outros pudessem entrar, participar da grande roda da vida. Lembraremos de mulheres que deixaram suas marcas como Adelina, Anastácia, Aqualtune, Luiza Mahin, Rosa Luxemburgo, Olga Benário, Ângela Davis, Zilda Arns, Malala Yousafzai … Como também das mães solo, mães da Sé, das mulheres quilombolas, indígenas, ribeirinhas, as que vivem em comunidades e outras tantas que estão procurando conquistar o seu “espaço”. Podemos falar também daquelas mulheres que ousam transgredir, ultrapassar o lugar comum e se aventuram a escancarar as portas e janelas, tendo como único horizonte a felicidade.

Na construção coletiva, podemos afirmar que é na acolhida, no esforço por compreender o pensamento da outra, na divergência que nos fortalecemos e nos animamos a partilhar o que acreditamos, para que possamos construir pontes que nos levem a transcender a inércia de meras expectadoras e assim recriar relações mais humanizadas.

Sempre que recebemos um convite,vem uma sensação de apreensão, medo, satisfação, emoção, curiosidade… Um convide vem sempre acompanhado de uma novidade para quem o aceita e muita satisfação para quem o faz, já que é muito bom trazer pessoas para o nosso convívio.

Estamos te convidando a transitar este caminho conosco. Fazer descobertas, refletir a realidade cotidiana, se emocionar com algumas histórias e quem sabe propor algum tema de seu interesse.

O convite está feito.

Te esperamos no ESPAÇO GÊNEROS E DIVERSIDADES da próxima edição!


[1] http://michaelis.uol.com.br/busca?id=jLZo – acesso em 26/10/2010

[2] https://amazoniareal.com.br/profecias-da-mae-terra/ – acesso em 26/10/2020

[3] Teologia Cuántica. MURCHU O. Diarmuid

[4] https://bibliaportugues.com/isaiah/54-2.htm – acesso em 26/10/2020

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Escrito por Coletiva de Mulheres

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