Texto de Jorge Marques

Hitler recebeu apoio da sociedade alemã de sua época. Mussolini recebeu apoio da sociedade italiana de sua época (aliás, Giorgia Meloni, admiradora de Mussolini, da extrema-direita italiana, acabou de ser empossada como primeira-ministra da Itália). A narrativa das armas, da intolerância, da homofobia, da misoginia, da xenofobia, do feminicídio, da cultura do estupro, da pedofilia, do genocídio, do machismo, da corrupção institucionalizada; a narrativa da morte e do ódio são repertórios da extrema-direita, estão na essência da cultura de vida do fascismo e, no caso brasileiro, do fascismo bolsonarista. O fascismo bolsonarista, em nosso país, representa o tentáculo de uma grande onda de maldade mundial. Uma gigantesca onda que não surgiu de repente. Surgiu, há décadas, como um vírus poderoso, silencioso e letal, que foi se infiltrando no coletivo, disseminando ódio e o fascínio pela morte, pela destruição. Revelou que o progresso material da “civilização humana” não acentuou nas pessoas o apreço e o respeito à dignidade da vida. Pelo contrário, pois evidenciou o fortalecimento do egoísmo, da crueldade, da ausência de empatia, da falta de solidariedade e desprezo pelo amor fraterno. O consumo divide e cria o sistema da exclusão, produzindo bilhões de famintos e meia dúzia de detentores de toda riqueza produzida pelo próprio sistema de exclusão. Nada do que estamos vivendo hoje deve surpreender e, tão pouco, causar pânico. Não quero defender teses em redes sociais, não quero escrever textões chatos, afetados. Então, paro e concluo por aqui. Talvez a vida, no cúmulo da ironia e do sarcasmo, resolveu, em pleno século XXI, nos “tempos modernos”, escancarar todas as mazelas e iniquidades da espécie humana. Como se quisesse nos dizer: “Olhem-se no espelho, criaturas! Vocês estão apenas começando a engatinhar”. O que devemos fazer, portanto? Não faço a menor ideia, pois minha especialidade não são as respostas, mas as humildes perguntas.

Imagem: busca pela palavra “armamento” no Google Images.

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Escrito por Expresso Periférico

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