Uma a uma chegam ao barzinho convocadas pelo Facebook. Saúdam-se mecanicamente com beijos robóticos. Sentam-se ao redor da mesa. Todas estão hipnotizadas pelo celular e ausentes da realidade. Vivem no mundo online do Instagram, WhatsApp, Facebook. Seus dedos pulam no teclado. Não escutam, nem falam. Só sentem, às vezes, o latejar da tendinite em seus cotovelos.
Silêncio, ausência e isolamento. Presentes porém ausentes. Fogem dos sentimentos e se refugiam nas telas. Não se olham, não se notam. A proximidade de seus corpos não vence a distância longínqua e, ao mesmo tempo, próxima dos satélites receptores e transmissores. Só a ação chocante da única presente e consciente para acordar e sintonizar aquelas mentes dispersas na mesma onda.
De repente aparece nos dez celulares:
_ Oi pessoal, tudo bem por aí?
É a provocação de uma das amigas.
_ Você está louca! Não vê que estamos todas aqui?
Todas começam a acordar.
_ Agora estamos! Falando de loucura: será que piramos todas?
Imagem: Bruno O.