NÃO!
Não estou em estado de graça.
Em paz com o mundo.
Em felicidade infinita.
Mas quero celebrar a vida para me sentir mais forte.
Não vou em tempo algum me render ao medo, ao ódio, à morte.
Quero celebrar vida porque tenho a certeza ardente
Forte. Pulsante que não podemos parar.
Quero celebrar… quero falar, escrever, cantar, dançar.
Não porque esteja de alma leve e de peito aberto.
Não…
Não porque finalmente houve a partilha do pão
Nem porque o proletariado vive sem o medo da fome, da miséria e da opressão.
Ou porque a mulher pode andar em segurança como e onde quiser.
Também não… Ainda não.
Quero celebrar a vida
Com as companheiras e companheiros de luta.
Que vieram antes, que estão presentes e aos que virão.
Com a minha ancestralidade de fêmeas guerreiras
Que mostraram o caminho que hoje estou a seguir.
Quero celebrar a vida porque ela pulsa em mim quando estou com vocês.
Porque quando todos acharem que nos derrubaram, vamos novamente florir.
Porque celebrar a vida é também nossa arma de resistência, memória e amor.
Quero celebrar sim com quem ao meu lado está
Com aquelas que a história já levou.
Para não esmorecer…
Pois o único NÃO que nos cabe bem
É o Não desanimar.
Vamos celebrar a vida.
Ecoar nossa voz bem longe.
E não vamos permitir ninguém nos silenciar
Imagem: Bruno O.