Poesia escrita por Carlos Galdino.

E se eu nascesse de novo
E se eu vestisse outra roupa
E se eu trocasse a foto
E se eu filmasse a cena

Se eu te mandasse um e-mail
E se eu ficasse inteiro
E se eu dormisse à tarde
E se eu tomasse um café
Se eu esquecesse a senha

E se eu te mandasse flores
E se assumisse um filho
E se eu caísse da escada
E se eu vencesse a prova
E se eu morresse amanhã

E se eu perdesse a chave
Se eu esquecesse meu nome
E se eu fizesse um churrasco
E se eu corresse o risco
E se eu largasse o emprego

E se eu tocasse sanfona
E se eu trocasse de sexo
E se eu fosse alemão
E se eu saísse do grupo
E seu eu entrasse ao vivo

E se eu sumisse do mapa
E se encontrasse o caderno
E se eu comprasse um charuto
E seu fosse candidato
E se eu quebrasse a porta

E se eu mudasse o roteiro
E se eu me molhasse na chuva
E se eu quebrasse o copo
E se eu pintasse a parede
E seu roubasse um banco

E se eu plantasse um relógio
E se eu pescasse a lua
E se eu soubesse o nome
E se eu passasse um cheque
E se eu levasse um choque

Se eu fosse membro do time
Se eu fosse noiva do rei
Se eu fosse uma avenida
E se o controle remoto
E se eu lembrasse o sonho

E se eu pegasse um navio
E se o porta retrato
E se eu ficasse parado
E se eu tivesse em Atenas
E se eu fosse um R.G

E se eu fosse a ponte
E se eu fosse o parto
E se eu fosse um caminhão
E se fosse a fresta da telha
Se eu fosse o rasgo no asfalto

E se eu fosse a queda do muro
E se eu nem tivesse nascido
E se o carro alegórico
E se eu fosse um algoritmo
E se João e Maria

E se eu soubesse o endereço
E se eu descobrisse o segredo
E se eu esquecesse tudo
Se a bateria acabasse
E se eu fosse uma folha

E se fosse ou não fosse
Se de noite
Ou dia
Onde
A gente se encontraria?

Imagens: Bruno O.

Gravação em áudio: Juarez José

Compartilhe:

Escrito por Expresso Periférico

Deixe um comentário