Poemas escritos por Mário Alves.

13 de Maio

O que você está comemorando?
Cheio de orgulho no peito,
Com esses dentes à mostra, se fazendo de bom moço ou moça, né…
Não saia por ai gritando pelos cantos que está orgulhoso de tal feito
Soltando falsos discursos e medíocres gargalhadas.


Estamos chegando com a verdade que nunca nos foi contada,
Com o mesmo riso, mas que não é por esta data, tenha certeza,
Conquistando o espaço que com muita dor e suor nos foi ocultado.
Pisando forte sobre a terra que ainda vamos conquistar,
Com todos os direitos e passos que não nos deixaram dar.


Queremos que nossos ancestrais, onde estiverem, se orgulhem
E as muitas lágrimas que derramam para nos fortalecer e conscientizar
sejam de alegria, dizendo.. ufa eles entenderam,
E que seja entendido e conquistado também
pelas próximas e próximas e próximas gerações…
E que seja do entendimento de todos, que nossos olhos abriram e nossa mente está em ascensão.


Não queremos criar inimigos, mas os que se achegarem a nós e aos nossos, vão tremer diante da força e de tão alto que bate nosso coração,
Fervendo o sangue nas veias.
E que nas mentiras contadas e forjadas, nos tiros direcionados e não perdidos,
Porque cada um que morre e que matam, fincamos na consciência a dor do outro e o quanto tentam camuflá-la, falando de amor e liberdade
Mas a nossa liberdade está na conquista,
que cada dia mais maciça estamos a realizar e fazer.


Os meus olhos gritam pra si e pro outro dizendo: Venham, junte-se a nós.
Com seu jeito, sua cultura, seu cabelo, sua roupa, sua religião. Orgulhem-se do que és e tem, que seja agora, não esperem mais e venham andando, corram, conscientemente corram, porque a liberdade só está começando,
mas não deixem de olhar pra trás e orgulhar-se dos seus, que muito fizeram por toda esta luta.


Os conscientes e os inconscientes de toda, alienados e enganados,
que viram e sentiram suas forças minimizadas e apagadas da história.
Nossa raiz é forte e esta força coloca medo, Porque a nossa capacidade de liberdade é mais forte do que as correntes que aprisionam nossa mente.
13 de Maio?


Não temos nada pra comemorar

Interior

Temos em nosso interior algo que jamais pode ser tirado
Pode estar adormecido ou nunca ter sido acordado
Tenho marcas na minha alma, que doem sem mesmo eu imaginar
A dor que meus olhos fingem cegueira por talvez não suportar
Dor de um tempo real, onde a pele se fazia arder
Dor que cravava na alma e até hoje o Sangue não para de escorrer
Tem gente do meu povo, que tem vergonha de dizer
Tem gente da minha gente, que diz simplesmente pra aparecer
Tem aquele que não admite, mas sabe que no fundo,
sua recusa faz toda a luta desaparecer
Tem aquele que luta mesmo sem saber o porquê
Tem o que sente na alma a dor do seu passado
Tem o que tira da história e esconde sabendo que está errado
Tem o aproveitador de ocasião, que concorda com tudo que dizem,
faz propaganda, mas no seu dia a dia o dinheiro é quem manda.
Tem aquele que quer aparecer, se diz da causa e militante, mas não passa de um capitão do mato, disfarçado e arrogante.
Aquele que vive arrotando sobre ancestralidade, mas no olhar transcende um caráter duvidoso e pra isso não depende de idade.
Falo de vários tipos de nossa gente, mas não posso esquecer dos muitos que realmente valorizam a sua descendência e, por todos estes aí acima, faz a luta valer a pena.

Imagens: Bruno O.

Gravação em áudio: Stephanie Goede

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Escrito por Expresso Periférico

One thought on “13 de Maio e Interior”

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