Por Eduardo Pacheco

Em abril deste ano, o Ministério Público de São Paulo decretava a intervenção em duas empresas de ônibus aqui na capital: a UP Bus, que operava na zona leste e que conta com 13 linhas e 159 ônibus, e a Transwolf, na zona sul, com 100 linhas e 1.206 ônibus, a terceira em frota na capital; além de aprovada pela SPTrans para operar o aquaviário na represa Billings. Juntas, elas transportam mais de 15 milhões de usuários. O principal motivo não é a rotina de má operação, mas sim de empresas suspeitas de lavagem de dinheiro do crime organizado; o PCC.

Foram presos vários diretores, sendo um deles considerado foragido da justiça. Nesse período de funcionamento, a partir de 2.019, foram mais de R$ 5 bilhões em subsídio pagos às empresas, que, segundo a Prefeitura de São Paulo, não havia nada que as desabonasse. Com a finalidade de manter a operação, a SPTrans assumiu o controle das empresas.

O caso aqui em questão envolve antigas discussões sobre o monopólio exercido pelas empresas de ônibus, que mudam de nome (consórcio) e continuam operando há mais de 30 anos, sempre como alvo de reclamação dos usuários quanto aos serviços prestados: ônibus lotados, atrasados, cheios e sem condições de limpeza. Tudo financiado com subsídio público. É importante ressaltar que os subsídios são altamente necessários, pois fica cada vez mais impossível os usuários financiarem a rede de transporte público, mas quem deve ser subsidiado é o usuário e não as empresas.

O que fica evidente nessa questão é a ausência de fiscalização e transparência em suas operações pelo Poder Municipal. As multas aplicadas e não pagas são algo que se tornou uma “normalidade” absurda. 

Num contexto em que muitas cidades começam a adotar a Tarifa Zero e traçar novas formas de gestão e operação, é fundamental que o Poder Público exerça um controle maior sobre essa atividade. Com a adoção da tarifa zero aos domingos, a demanda aumentou em 20% e a Prefeitura paga mais de R$ 10 milhões por mês para a mesma frota. Não é mais possível tolerar a falta de transparência e controle financeiro do sistema, que se encontra totalmente a mercê de empresas privadas.

Criado há mais de 20 anos, o Bilhete Único representou uma marca fundamental na gestão dos transportes, com amplo benefício, principalmente para as camadas mais pobres da população. Infelizmente, por gestões desastrosas, muitos benefícios foram excluídos; é preciso resgatá-los.

A sociedade merece uma posição mais firme da Prefeitura e uma apuração mais rigorosa dos órgãos de controle.

Impossível deixar de terminar esse artigo com uma ironia: A que ponto chegamos!

Imagem: Bruno O.

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Escrito por Expresso Periférico

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