O tempo é vivo.
O tempo é denso.
O tempo fala.
O tempo abala.

A pedra, insossa,
desnuda e conformada,
estacionada no caminho,
é vítima predileta do tempo: lento!

O tempo incomoda a pedra.
O tempo arrasta a pedra, arrancando-lhe as raízes.
Sacode e desnorteia o conformismo.
Implacável, o tempo urge: o tempo ruge!

A pedra…
A pedra, indefesa, não resiste
à força avassaladora do tempo: lento?!
Rola ladeira abaixo
e se esconde atrás de alguma escada.

Mas o tempo, lento,
o tempo violento,
o tempo apressado,
o sedento tempo,
é obstinado e cruel.
Persegue a pedra.
Descobre a pedra debaixo da escada
e, então, ei-lo, novamente, arrastando a pedra,
desnudando a pedra,
revelando a pedra,
atormentando a pedra.

A pedra…
A pedra, indefesa, não esboça reação alguma.
À pedra, em sua insignificante realidade de pedra,
não cabem reações: imobilismo de pedra, alterado apenas pela força de vento que o tempo tem.

Contudo, o destino da pedra se cumprirá.
De maneira que terá encerrado sua missão
o tempo algoz;
o feroz tempo.

A pedra, agora, está calma.
Esboça, até, uma centelha d’alma.
A pedra aguarda na fila do grande nada,
que tudo encerra, um novo tempo.
Um tempo novo de pedra.
Mas, na esquina dos ventos,
o tempo estará à espreita da pedra.

Imagem: Jorge Marques

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Escrito por Expresso Periférico

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