Por Renato Porto

Há anos, quem vive o mundo do futebol e gosta do ambiente de torcida sabe o quanto o clubismo predomina acima de alguns valores, ideologias e crenças, o que não deveria acontecer. Como está no título: O clubismo deveria estar acima da raça? Obviamente, de jeito nenhum!

Tem racistas e preconceituosos em todas as torcidas, seja do Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Fluminense, etc. Porém, o clubismo faz muitos torcedores quererem entrar em uma “disputa” de: “a sua torcida tem mais racista que a minha”.

Algo bizarro, sendo que a finalidade deveria ser: “fogo nos racistas, independente da camisa do time”.

Vimos o caso que aconteceu no Allianz Parque, de um torcedor realizar gestos racistas para torcedores do Cerro Porteño, na fase de grupos libertadores desse ano, e muitos perfis e pessoas influentes (em seus respectivos públicos) generalizam, falando que toda, completamente, toda a torcida do Palmeiras é racista. Uma generalização que poderia acontecer em cima da torcida do São Paulo, cujo torcedor imitou macaco no jogo contra o Fluminense, no Morumbi, em 2022. Uma generalização que poderia acontecer com a torcida do Flamengo, que, nos anos 2000, teve alguns torcedores que criaram o movimento “Nazistas da Baixada”, com mais de 3 mil integrantes. E diversos outros casos de torcedores que usam o clube para proliferar gestos ou ações criminosas. 

E o ponto crucial é: GENERALIZAR é o pior caminho!

Se existem movimentos ou torcedores antirracistas na torcida, deveria haver um apoio e união coletiva, além do clubismo, para fortalecer ainda mais a luta e ter ações efetivas. Porque a raça vem primeiro do que qualquer clube. Antes de você descobrir para qual time iria torcer, a sua ancestralidade já estava presente, você já viera preto ou preta. Você já estava fadado a crescer em uma sociedade racista, preconceituosa e que odeia preto com autoestima. Então, por que, para alguns, o clubismo fala mais alto do que a raça?

Toda ação antirracista, toda ação em prol do povo preto, merece aplausos e apoio. Seja da torcida que for, do clube que for. Pois precisamos deixar o clubismo de lado e ter a racionalidade de que a raça vem, e sempre será, em primeiro lugar!

Com isso, pensar em uma união coletiva de movimentos, em prol de realizar um crescimento notório e mais próspero na luta antirracista. Ou será utopia? 

Bom, como diz uma das maiores referências de muitos movimentos negros:

“Nós não podemos pensar em nos unirmos com os outros até que sejamos primeiro unidos entre nós.”
Malcolm X

Renato Porto é jornalista e membro fundador do movimento ZDP – Zumbi do Palmeiras.

Imagem: Bruno O.

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