Por Douglas Santana (União da Juventude Comunista/PCB)

No dia 27 de julho de 2024, o infame martelo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, soou mais uma vez. Mais um patrimônio público do estado havia sido leiloado, dessa vez, a Sabesp passou para as mãos da “iniciativa privada”. Nome chique que tenta esconder o fato de que a partir daquele momento, a companhia que cuida do abastecimento de água e do saneamento básico de todas as nossas casas teria como fim único encher os bolsos de grandes empresários. 

Diferente da privatização da finada Eletropaulo, agora controlada pelo grupo italiano Enel, dessa vez, a privatização aconteceu a partir da venda de uma parcela das ações. O estado de São Paulo, que detinha 50,3% da empresa, logo, era majoritário e poderia tomar decisões na empresa, vendeu 31,6% de sua participação por meros R$14,6 bilhões. O controle da Sabesp passou para as mãos do grupo Equatorial de Energia que já atua em diversos outros estados brasileiros e coleciona polêmicas ligadas à fraude, cobranças indevidas e problemas de abastecimento

Já são incontáveis as falhas cometidas pelo grupo Equatorial desde o início de sua operação à frente da Sabesp, em janeiro de 2025. Moradores de bairros da Zona Sul ficaram 12 dias sem abastecimento durante ondas de calor que passavam os 30º (já pensou chegar em casa, suado, e não conseguir nem tomar um banho antes de dormir?), além de passarem por racionamentos que nunca haviam ocorrido antes e receberem água barrosa direto de suas torneiras. Moradores da Zona Leste começaram a enfrentar constantes cobranças indevidas com contas que passam de R$1.000

A receita para justificar a privatização segue um roteiro já conhecido para quem acompanha os ataques neoliberais aos trabalhadores. Inicia-se cortando verba da empresa, diminuindo o número de funcionários e precarizando suas condições de trabalho. Assim, a qualidade dos serviços que chegam para a população vai inegavelmente piorar, daí, cresce a insatisfação popular. A partir daí, alega-se que a empresa não é lucrativa – como se a finalidade de um empreendimento público fosse dar lucro para o estado e não atender com qualidade os usuários do serviço. Por fim, colocam a privatização e a operação por uma empresa privada como a tábua de salvação já que o estado não seria capaz de gerenciar esse empreendimento com a qualidade necessária. E pronto, você tem uma empresa privatizada e o fim do atendimento às populações que mais precisam do serviço. Esse mesmo processo está sendo colocado em prática nas linhas de metrô e trem da CPTM, os Correios e, já há décadas, nas escolas e universidades públicas. 

É importante que tenhamos em mente que a Sabesp, assim como a Eletropaulo e diversas outras estatais que gerem serviços públicos, cumprem muito mais do que um papel de atendimento à população e obtenção de lucro. Essas empresas servem também para que o Estado, se bem coordenado, consiga levar serviços básicos para lugares que ainda não tem infraestrutura necessária, como favelas e diversas cidades do interior.  

O acesso à água de qualidade é o nosso bem mais valioso, é o insumo mais necessário para a manutenção da vida. No entanto, o governo de São Paulo (apoiado pelo governo federal, diga-se de passagem) atua para restringir cada vez mais o acesso da população a esse bem tão necessário. A necessidade latente de servir ao empresariado que, como um cavalo de corrida, só consegue olhar para a acumulação de capital cada vez mais desenfreada, não se importa com a saúde dos trabalhadores. 

A Sabesp precisa cumprir com o seu dever e garantir o direito constitucional de acesso à água de qualidade!

Imagem: Jardim Miriam Arte Clube/Bruno O.

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