Então, teve a volta
E, na volta, ninguém se feriu
Então, teve a volta
E, na volta, o chão foi varrido
O grão foi colhido

Então, teve a volta
E, na volta, só teve sorriso
E o grão foi comido
Então, teve a volta
E, na volta, os olhos se abriram
Os lábios, molhados, sorriram

Então, teve a volta
E, na volta, a Lua nasceu
Quando o Sol foi dormir
Então, teve a volta
E, na volta, as folhas caíram
Quando a árvore nasceu

Então, teve a volta
Quebrando raízes
E não era Natal
E nem Ano Novo!

Então, teve a volta
E saíram das salas
E fizeram as malas
E disseram adeus
E só de pirraça
Invadiram as praças
E lotaram os guetos
E lavaram calçadas
E correndo das praças
Se esconderam nos becos

Não era inverno
Mas o frio era eterno
E o calor era o sonho
Na boca do medo
Nas mãos sem os dedos
No rosto sem alma
Na alma com gosto de nada

E falaram das flores
E cantaram as cores
E pintaram o sete
E fizeram, e bordaram
E foi tão reluzente
Que ficaram doentes

Então, teve a volta
E, na volta sobeja,
Só faltou a cerveja
No sermão da igreja
Na leitura sagrada
Das palavras ingentes
Na cabeça das gentes
Só ficou a semente
Então, teve a volta…

Imagem: Jorge Marques

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Escrito por Expresso Periférico

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