Uma ONG cuja missão é fomentar a cultura nas comunidades da periferia
Arthur Correia (26), morador do Jardim Santa Terezinha, que fica próximo ao parque Sete Campos, bairro Pedreira, na Zona Sul de São Paulo, é um jovem Produtor Cultural da periferia, que teve uma ideia e a colocou em prática: fundou a ONG Quilombo de Itan, sendo seu presidente.
Quilombo de Itan são duas palavras que vêm do Iorubá – Iorubá é o nome de uma das maiores etnias do continente africano em termos populacionais. Na língua Iorubá, “Quilombo” significa comunidade e “Itan” histórias. Então, a Quilombo de Itan se propõe a trabalhar junto à comunidade, contando um pouco de suas histórias. Histórias de carência, com muita luta, desafios e superação.
Ao terminar o curso de Produtor Cultural, Arthur Correia tem a ideia de fomentar, ativamente, a produção de cultura na periferia. Então, ele se reúne com amigos, criando um núcleo de pesquisas cujo propósito era mapear as carências e necessidades da região em termos culturais. Através desse trabalho de mapeamento, o núcleo de pesquisas constata que, embora as comunidades sejam ricas na revelação de talentos artísticos, na prática, todo esse potencial artístico acaba se deslocando da periferia para fomentar cultura fora das regiões periféricas. Diante dessa realidade contraditória, o grupo concluiu que era preciso fazer alguma coisa, era preciso criar algum tipo de ferramenta que fosse capaz de motivar o artista periférico a permanecer em suas raízes, produzindo sua arte na periferia. Assim, a partir do núcleo de pesquisas, é fundada a ONG Quilombo de Itan.
Planos para o futuro. A ideia agora é correr atrás de uma sede, num espaço físico, onde os projetos possam ser implementados de maneira mais ágil e efetiva: desenvolvimento de aulas de teatro, oficinas de circo, capoeira, malabares – com a criação, inclusive, do bloco Quilombo de Itan, que irá divulgar a cultura afro e, também, a dos povos originários. O que se pretende com todas essas ações é impactar a coletividade periférica com o fomento cultural, criando valores, formando vivências, ajudando os moradores da periferia a transformar sua própria realidade, através dos seus próprios talentos e capacidades.
O fomento à cultura é de vital importância. Após um período de obscurantismo político, com um desgoverno que tirou direitos, ceifou vidas com o descaso em relação à pandemia, recolocou o Brasil no mapa da fome e disseminou intolerância e ódio, a cultura pode exercer o papel de conectar, de reconectar as pessoas. Assim como o fomento à produção cultural nas periferias, pode levar ao engajamento nas lutas populares e à tomada de consciência de classe.
Quilombo de Itan: Histórias de Comunidade. Histórias das gentes periféricas, unidas pela necessidade diária de lutar pela sobrevivência.
Imagens: Jorge Marques