Propostas e ações da Coletiva Carolinas Soltem Suas Vozes

Carolinas Soltem Suas Vozes é uma coletiva que nasce no dia 25 de outubro de 2015, no bairro do Grajaú, São Paulo, em comemoração ao centenário de Carolina Maria de Jesus. Carolinas Soltem Suas Vozes surge da necessidade de divulgar a vida, a trajetória e a obra de uma das mais importantes escritoras do Brasil, num país onde o preconceito e o racismo, muitas vezes, impõem esquecimento e papel coadjuvante a talentos preciosos em vários campos da produção artística e cultural. A primeira apresentação da Coletiva, uma intervenção poética e afetiva, ocorre na praça de Parelheiros (local em que há uma estátua em homenagem à escritora) com inspiração no livro “Quarto de Despejo”, bestseller de Carolina. Carolinas Soltem Suas Vozes se propõe a apresentar para o público feminino questões sobre saúde, educação e cultura a partir da vivência, exemplo e trajetória de Carolina Maria de Jesus. A ideia é despertar nessas mulheres, pretas ou não, o espírito de luta de Carolina que, através da literatura revelando suas experiências de vida, foi se movimentando dentro da coletividade, até sair de um contexto social de extrema pobreza para se transformar numa das maiores escritoras de nossa época. 

Carolina deixa pra gente um emaranhado de possibilidades pra que a gente possa sonhar e vislumbrar um mundo com mais igualdade, um mundo com menos fome, um mundo que, efetivamente, as mulheres negras possam se movimentar em todos os espaços que desejarmos estar. Carolina Maria de Jesus tá na música, tá no teatro, tá na dança, tá na literatura, tá em todas as linguagens artísticas, o que possibilita com que as nossas trajetórias também sejam trajetórias que possam se movimentar“. 

(Thaís Fernanda, idealizadora da Coletiva Carolinas Soltem Suas Vozes)

Sobre Carolina

Nascida em 1914, numa comunidade rural de Sacramento (interior de Minas Gerais), Carolina se mudou para São Paulo em 1940. Estudou até a segunda série do ensino fundamental, o suficiente para aprender a ler e escrever – exceção na comunidade onde morou, segundo relatos em seus diários. 

Uma das primeiras escritoras negras do Brasil, Carolina Maria de Jesus é, também, uma das mais importantes. Compositora, cantora e poetisa, Carolina viveu boa parte de sua vida na favela do Canindé, Zona Norte de São Paulo, com seus três filhos, trabalhando como catadora de papéis. Em 1958, publica “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, falando sobre a vida na favela, com a contínua violação de direitos humanos e a rotina de fome. Com enorme sucesso, o livro foi traduzido para 14 idiomas. A obra e a vida de Carolina Maria de Jesus é objeto de estudos no Brasil e no exterior.

Fotografias: Coletiva Carolinas Soltem Suas Vozes/Divulgação

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Escrito por Expresso Periférico

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