Como conciliar interesses e chegar à unidade mínima necessária das esquerdas pra vencer as eleições em 2024?
Três pesquisas eleitorais foram divulgadas entre os dias 28 e 29 de maio referentes à eleição para prefeito em São Paulo. Uma pela Atlas Pesquisas, outra pela Paraná Pesquisas e a mais recente pelo DataFolha.
Na primeira, 28/05, Boulos aparece com 37,2% das intenções de voto, com Nunes somando 20,5%. Na segunda, divulgada na madrugada do dia 29/05, Nunes aparece à frente com 28,1% das intenções de voto, com Boulos caindo para 24,2%.
A diferença numérica entre esses dois primeiros levantamentos é gritante e nos faz pensar. Como explicar? Aparentemente a entrada no jogo de dois novos nomes, Datena pelo PSDB e Pablo Marçal pelo PRTB, provocou uma certa instabilidade na tendência de voto do eleitorado paulistano, mudando significativamente a curva estatística apresentada em pesquisas anteriores. Pela lógica, deve ocorrer alguma acomodação nos próximos levantamentos. Porém, o que realmente chama a atenção é que, a despeito da mudança de curva, um dado permanece inalterado: se a eleição fosse hoje, com Boulos enfrentando Nunes em segundo turno, de acordo com essas duas pesquisas, Nunes venceria a disputa eleitoral.
Já na terceira pesquisa divulgada pelo DataFolha, também no dia 29/05, a disparidade dos números segue como principal característica, mas com alguma acomodação dentro do cenário com Datena e Marçal, se for feita comparação com os dados do levantamento da Paraná Pesquisas. Boulos surge à frente com 24% dos das intenções de voto contra 23% do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. O destaque nesse levantamento é o empate técnico entre Boulos e Nunes e a manutenção da tendência de vitória do bolsonarista num hipotético segundo turno contra Boulos.
Qual caminho seguir?
Tudo isso nos leva a uma reflexão inevitável. O que vai acontecer daqui para a frente? Qual deverá ser o comportamento das campanhas com seus respectivos candidatos e quais serão os desafios? É importante lembrar, contudo, que a campanha eleitoral oficialmente ainda não começou na prática e que muitas variáveis ainda podem entrar no jogo modificando o cenário da disputa.
Cabe, também, uma indagação. Quem é Pablo Marçal, afinal de contas? Figura, que, do nada, entra na disputa eleitoral. Isso pode até causar uma certa estranheza, mas, na verdade, trata-se de um coach, palestrante motivacional e influenciador digital que arrebanha milhões de seguidores nas redes sociais. Estamos, pelo visto, em plena era dos influenciadores ditando moda, tendência e comportamento. Personagens que surgem do nada, mas com muito tempo disponível pra produzir “conteúdo” digital que cativa e envolve milhões, inclusive parcelas significativas dos eleitores. Eles invadiram o mundo das artes marciais e, agora, mostram suas caras e suas garras no mundo da política partidária. Isso é, realmente, muito perturbador.
Só querem embolar o jogo
O Datena todos conhecemos. Já passou por inúmeros partidos políticos; já foi candidato e desistiu de ser candidato, também, inúmeras vezes. Tem usado, nos últimos tempos, a política para a autopromoção e recuperação da própria carreira de apresentador de programas de TV. Porém, precisa ser levado a sério. Junto com Marçal, Datena entra no jogo para tumultuar e virar moeda de barganha. Ambos têm pouca ou nenhuma chance de conseguir algo de concreto nesta eleição, mas, durante o processo da disputa, terão seus passes valorizados e vão cobrar o preço no momento oportuno, na hora de declarar apoio a outras candidaturas.
Em 2024, o que estará em jogo nas eleições municipais é o embate entre as forças da Democracia e as forças do retrocesso e do fascismo. O desafio da Democracia e de seus defensores será superar eventuais diferenças e construir a vitória daquelas e daqueles que, verdadeiramente, lutam por uma sociedade mais justa e plural.
Imagem: Jorge Marques