Você não vai ouvir falar em lugar de homem, mas já deve ter ouvido falar em “lugar de mulher”. Já parou pra pensar que lugar é esse?

Você conhece a Leninha? Não? Bom, então, permita-me apresentá-la. Conhecida como Leninha Professora, ela é uma mulher preta, periférica e lésbica, comprometida com a luta popular há mais de 40 anos. 

Em 1975, Leninha começou a trabalhar como operária na empresa Toalheiro Brasil. No final da década de 1970, atuou com o grupo de teatro musical periférico, retratando a vida conjugal de um favelado desempregado. Nessa época, ensaios e apresentação rolavam na igreja católica São Judas, lá do Jardim Mirna, na periferia da Zona Sul de São Paulo. 

Em 1980, Leninha Professora foi para a indústria Laborterápica Química e Farmacêutica. Por esses tempos, atuou na organização da ocupação da comunidade Serra Pelada, próxima ao terminal Varginha. Mesmo com muita repressão policial, até hoje os moradores continuam vivendo no local. Ainda em 1980, participou da construção dos núcleos do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1986, foi eleita diretora do Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Farmacêuticos de SP (1986 a 1997). Nessa mesma época, os trabalhadores ligados à CUT  organizaram uma greve de todas as categorias. A Bristol-Myers Squibb paralisou. Foram 7 dias de greve dentro da empresa. No sétimo dia, uma lista separava, no portão da empresa, quem poderia entrar. Ficaram de fora 57 trabalhadores para averiguação de falta grave,  entre eles, aposentados, mulheres grávidas, copeiros e a Leninha, como dirigente sindical. Foram 3 anos de luta jurídica, com muitos companheiros recuperando seus direitos, mas para Leninha isso só veio a ocorrer no final de dezembro de 1989, sendo sua reintegração no ano de 1990.

Foi desempenhando a função de assessora parlamentar que Leninha pôde conhecer, a fundo, o funcionamento da ALESP.  A partir de 2000,  iniciou sua carreira no magistério e, desde então, sempre esteve presente nas lutas pelos direitos dos professores e por uma educação de qualidade.

Em 2015, Leninha participou, ativamente, das ocupações dos estudantes na Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves. Ficando, dia e noite, na luta junto com os alunos, Leninha Professora pôde comemorar, no final, uma grande vitória contra a reforma do Ensino Médio. 

Leninha participou da organização da XXI Caminhada Lés – Bi de 2023. Atualmente, na DM do PSOL e na direção da APEOESP, Leninha Professora, de maneira incansável, ocupa os espaços da militância de esquerda, demonstrando que lugar de mulher é na política; no centro de poder da luta política. 

Maria Helena de Carvalho, ou simplesmente Leninha, com sua luta e trajetória de vida, desconstrói paradigmas falaciosos e falsas verdades de nossa sociedade machista patriarcal. Nas militâncias múltiplas ou na vida pessoal, Leninha Professora prova, por “A+B”, que, na verdade, lugar de mulher é onde a mulher quiser estar e não é um sistema de regras opressivo que irá determinar seus passos, decisões e ações. Leninha operária, Leninha guerreira: Leninha professora!

Imagens: Jorge Marques

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Escrito por Expresso Periférico

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